A montagem de 12 Homens e Uma Sentença voltou ao cartaz, tivemos a estreia do Recordar É Viver, uma mostra de repertório do Tapa. O ano começou agitado para você?
A temporada do 12 Homens está indo muito bem. Havia um temor em fazer sessões às quartas-feiras, mas está dando muito certo. Na mostra do Tapa, vamos fazer espetáculos do nosso repertório, mas também teremos uma estreia em março: Os Credores, do Strindberg.
Que é um texto pouquíssimo montado por aqui. Só tivemos uma montagem no Rio...
É verdade. Montar Os Credores é um projeto antigo. Temos muitas traduções de obras dele e estamos planejando, com outras companhias, o projeto de uma mostra dedicada ao Strindberg. Será para o ano que vem, durante o centenário dele.
12 Homens e Uma Sentença ganhou o prêmio APCA de melhor espetáculo de 2010. A premiação lhe surpreendeu?
Nunca espero ganhar nada. Não penso nessas coisas. Acho que se tem que fazer algo porque se tem vontade. Prêmio é bom. Faz bem ao ego, mas não dá para voltar sua cabeça nem para isso nem para o sucesso.
O Tapa começou no Rio, mas você já está em São Paulo há muito tempo...
Estou aqui desde 1986. Mas ainda vou muito ao Rio. Acabo passando pelos menos uns 3 ou 4 meses do ano na cidade. E tenho projetos lá. Foi o caso do Recordar É Viver, que é uma produção carioca.
Qual a grande diferença entre o teatro que se faz em São Paulo e no Rio de Janeiro ainda hoje?
É preciso lembrar que o Rio tem, neste momento, um jornal único. E isso já determina valores. Além disso, cidades praianas costumam ter plateias mais dispersas. Em São Paulo, a força da Academia é muito grande. Já o Rio sofreu um grande impacto da TV, mas está assistindo ao nascimento de uma dramaturgia jovem muito interessante.
A temporada carioca começou muito aquecida em 2011.
Às vezes, a produção artística de uma cidade fica mais interessante que a da outra. É normal essa oscilação. O Rio teve um declínio muito grande, mas sinto que a cidade está reerguendo com modelos diferentes dos que estão vigentes aqui.