Editoras priorizam a elite

As editoras em geral adotaram uma política de editar livros para uma pequena parcela da sociedade, justamente a que mais consome obras impressas

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Por Agencia Estado
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Os próprios números do relatório preparado pelo Sindicato Nacional de Editores de Livros (Snel) e pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) justificam o aumento no faturamento e a queda no total de exemplares vendidos, segundo os editores. "A elevação na venda de obras gerais e científicas que normalmente são mais caras, ajudou a aumentar o faturamento enquanto a queda nos didáticos e religiosos foi a principal alavanca para a diminuição na quantidade de livros vendidos", observa Luciana Villas-Boas, diretora editorial da Record. Segundo ela, as editoras em geral adotaram uma política de editar livros para uma pequena parcela da sociedade, justamente a que mais consome obras impressas. "Trata-se de uma faixa de profissionais liberais que não perdeu o hábito de ler" acredita Luciana. Outra jogada positiva foi investir em assuntos do momento, que despertam grande curiosidade - é o caso por exemplo, de livros sobre globalização e islamismo, temas que foram destaque no noticiário nacional durante quase todo o ano passado. Já Luiz Fernando Emediato, editor e diretor da Geração Editorial, considera positiva a diminuição do número de títulos publicados. "As editoras estavam lançando muita porcaria; assim as livrarias ficaram cheias de novidades, mas nem sempre de obras boas", afirma. O alto preço dos livros também contribuiu para a diminuição de vendas, segundo o editor, um fato preocupante, na sua opinião. "Na verdade, o mercado diminuiu, ficou ainda mais represado; ainda defendo a tese de que as publicações estão muito caras para a população", comenta Emediato. Ele acredita que é preciso repensar a forma de se compor o preço dos livros. Raul Wassermann, presidente da CBL, afirma que a indústria editorial brasileira não tem proteção contra as instabilidades. "A única existente é a da imunidade do papel." Wassermann aponta para números promissores para o ano de 2002. Na sua opinião, as bienais do livro ajudam a estimular o mercado a se movimentar na busca de novos clientes e leitores. "Deveremos ter um faturamento superior em 2002 em relação ao ano passado, mesmo com uma política editorial audaciosa", acredita Luciana Villas-Boas.

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