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Editoras debatem o presente e o futuro do livro

3º Congresso Internacional do Livro Digital começou na manhã desta quinta-feira em São Paulo

Por MARIA FERNANDA RODRIGUES - O Estado de S.Paulo
Atualização:

Sem a presença do Google, que cancelou ontem a palestra que faria sobre plataformas de distribuição, começou na manhã desta quinta-feira, em São Paulo, o 3º Congresso Internacional do Livro Digital. Se no primeiro ano a plateia era formada por diretores de editoras ainda temerosos com os desafios que o chamado futuro digital apresentava, hoje quem assiste aos debates é o profissional que está lidando diretamente com o livro digital dentro nas editoras, um setor que ainda engatinha, mas que ao contrário de três anos atrás já é realidade. Para Karine Pansa, presidente da Câmara Brasileira do Livro, entidade organizadora do encontro, este é um momento de desmoronamento de paradigmas e de desbravamento de um novo nicho de mercado, com imensos potenciais. YoungSuk Chi, presidente da International Publishers Associatiation (IPA), disse que o mercado editorial é mais importante hoje do que foi em qualquer outra época. Mesmo nesse momento em que empresas de tecnologia acenam com a possibilidade de cuidarem de todas as etapas de publicação do livro e que alguns autores independentes conseguem se destacar sem a ajuda de uma editora. "Empresas de tecnologia estão se tornando parceiras. No próximos anos deve haver uma guerra para ver quem vai ter o controle do conteúdo", comentou. Para ele, que é também diretor da Elsevier, seria melhor pensar a revolução digital como uma evolução. Outro agravante do momento: a ideia de que tudo o que está na internet deve ser gratuito. "Mas tem alguém que paga essa conta, e ele pode ser a editora, o anunciante e até o autor", disse. A editora de agora deve ser visionária e capaz de conectar autores e leitores, dando a informação certa à pessoa certa e no formato certo. Uma forma de driblar essa ideia do conteúdo grátis é oferecer uma experiência, e não apenas uma informação. "Você pode assistir um jogo inteiro de futebol pela sua televisão sem pagar nada ou você pode ir ao estádio, pagar um pouco, e ver ao vivo", explicou. Ainda assim, há diferentes camadas de experiência, por diferentes custos. "Tornando o conteúdo mais dinâmico, útil, customizado e contextualizado será mais fácil monetizar." Algo que deve mudar, segundo o presidente da IPA, é a a forma como as editoras vão apresentar os livros. "Infelizmente vamos enfrentar o desafio de fazer com que as pessoas consumam narrativas longas e os editores vão ter que oferecer esse conteúdo longo de forma sequenciada. Eu não consigo manter a atenção por muito tempo, e eu sou a regra. Isso não quer dizer que essas grandes histórias, tão populares com os adolescentes, não serão mais aceitas, ou bem recebidas. "Longas narrativas sempre vão existir. Meu desafio é como apresentar isso para que os usuários não desistam das 800 páginas. Se a história de Harry Potter não tivesse sido dividida em volumes talvez não tivesse tido o sucesso que teve." Esta terceira edição do congresso pretende analisar toda a cadeia produtiva do livro no que diz respeito ao livro digital. Direitos autorais, licenças, pirataria, distribuição, o novo papel do autor, os aplicativos, as livrarias virtuais, mídias digitais e educação são alguns dos assuntos em pauta até amanhã.

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