Editora reinou por quase meio século

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Por Agencia Estado
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Do início dos anos 30 até meados dos anos 80, a Casa José Olympio foi uma das principais editoras do Brasil, lançando títulos e autores que fizeram a história de nossa literatura, ficcional ou não. A principal figura da empresa era o editor que lhe dava o nome, mas ele distribuía bem as tarefas, encarregando o irmão Daniel, da feitura dos livros e gente como a escritora Rachel de Queiroz e o poeta Carlos Drummond de Andrade da primeira leitura e seleção de originais. Os ilustradores eram os grandes artistas plásticos da época, como Luiz Jardim, Santa Rosa, Cícero Dias e Poty, etc. Os livros foram a única profissão de José Olympio, embora ele mesmo nunca tenha escrito algum. Seu primeiro emprego foi de balconista na Casa Garrot, ainda nos anos 20. No início da década seguinte, abriu sua própria livraria, com o acervo da biblioteca que havia comprado de Maurício Pujol, um intelectual paulista. No ano seguinte, publicava o primeiro livro, Conheça-te pela Psicanálise, do norte-americano J.H. Halph, traduzido por José Américo Camargo. Mais um ano se passaria até sair o primeiro livro brasileiro, Itararé! Itararé!, um relato da Revolução Constitucionalista de São Paulo, feito por Honório Sillos. Com o sucesso dos dois livros, a editora cresceu e passou a arriscar nos autores que estavam começando. "Eu o conheci como balconista da Casa Garrot, e acompanhei toda sua carreira", comenta o bibliófilo e colecionador José Mindlin. "Ele gostava de lançar autores novos, os mesmos que hoje são os nossos clássicos, e arriscava em grandes tiragens." Diz a lenda que José Lins do Rego, então um escritor de relativo sucesso regional, foi o primeiro a surpreender-se com a filosofia de trabalho. "Ao receber a oferta de uma edição de cinco mil exemplares de seu romance Banguê, ele veio da Paraíba só para conhecer quem era o editor excêntrico", conta o ex-secretário de José Olympio e atual curador do acervo, Sebastião Macieira. Jorge Amado, Sérgio Buarque de Hollanda, Rubem Braga, Guilherme Figueiredo, Gilberto Freire e quase todos os clássicos brasileiros ganharam abrangência nacional na José Olympio, mas os anos 70 e 80 não foram propícios à editora. Afogada em dívidas, foi vendida em 1984 para Sérgio Gregori, que mais tarde morreria num acidente de automóvel. Seus herdeiros continuam à frente da casa, mas hoje ela é um dos negócios da holding e os grande autores são publicados por outras editoras surgidas nos últimos 30 anos.

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