Edith Derdyk inagura exposição na Galeria Marilia Razuk

Artista parte de processos aparentemente simples de repetição e acumulação

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Por Redação
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Edith Derdyk inaugura nesta sexta-feira, 28, à noite, mais uma exposição na cidade. Depois da Pinacoteca do Estado e do Espaço Porto Seguro de fotografia, onde já estão expostos trabalhos de sua autoria, chegou a vez de a artista realizar uma terceira mostra na Galeria Marilia Razuk, Dos Dias, e ampliar ainda mais as possibilidades de leitura de seu trabalho. Partindo de processos aparentemente simples de repetição e acumulação, explorando materiais de grande potência simbólica como o papel, a linha e o livro, e lançando mão de diferentes procedimentos técnicos (fotografias, objetos, instalação...), ela acaba por criar uma trama potente de imagens e significados. Ao entrar na galeria, o visitante se depara com uma grande escultura feita de milhares de folhas de papel sobrepostas e como que cortadas por uma grande lâmina de aço. A peça tem um grande parentesco com a escultura que ocupa o octógono da Pinacoteca atualmente e que pesa em conjunto cerca de 3,5 toneladas, o que acabou inviabilizando planos anteriores de exibi-la no prédio da Estação Pinacoteca, simplesmente porque a estrutura do prédio não agüentaria. Prova incontestável de que o peso real da obra não tem nenhuma relação com o efeito de leveza e movimento que ela causa. Leveza essa que está diretamente relacionada com o caráter instável e aleatório da obra, cujas curvas, vazios e linhas desenhados pela superfície e pelas laterais do papel têm um ritmo e uma freqüência únicos e irrecuperáveis. Quer dizer, irrecuperáveis se pensarmos no processo de construção e permanência do objeto, já que seria impossível repetir de forma igual o comportamento, ritmo e seqüência com que as camadas de papéis se depositam umas sobre as outras. Mas há outras formas de fixar aquele equilíbrio tênue entre a superfície do papel, o traço da linha e o volume formado pelas folhas dispostas em camadas: os registros fotográficos que constituem um dos desdobramentos mais recentes explorados pela Artista. Fotografia Como é possível notar tanto na exposição da Galeria Marilia Razuk como na do Espaço Porto Seguro, a fotografia passou a ter uma importância central no trabalho, seja como elemento de fundo receptáculo da gravura em ponta seca, seja como elemento de costura entre os elementos e objetos recorrentes em sua poética, com um grande destaque para o livro. Talvez sejam os livros os grandes objetos de eleição da artista neste momento. Afinal, de certa forma cabe a eles estabelecer uma ponte lógica e sentimental entre os vários rumos de sua obra, corporificando simultaneamente a linha e o volume, o texto e o símbolo, o objeto e a narrativa. Ao mesmo tempo encerrando e compartilhando segredos, o que por si só já é elemento de grande fascínio, eles entram na obra recente de Edith Derdyk com grande força, como matéria-prima, fonte de inspiração e obra propriamente dita, já que ela acaba de lançar uma publicação resumindo de forma bastante poética seus últimos 15 anos de trabalho e já tem planos para outros livros de arte. Edith Derdyk. Marilia Razuk Galeria de Arte. Rua Jerônimo da Veiga, 62, lj. 2, tel. 3079-0853. 2.ª a 6.ª, 10h30 às 19 h; sáb., 11 h às 15 h. Até 11/8. Abertura hoje, 19h30

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