E os paulistas empolgam no Festival de Teatro de Curitiba

Público aprova O Incrível Menino Preso na Fotografia, de Fernando Bonassi

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Por Agencia Estado
Atualização:

Vai chegando à reta final a 16.ª edição do Festival de Teatro de Curitiba, que começou no dia 22 e termina no domingo. Na mostra oficial, até agora, Besouro Cordão-de-Ouro, dirigido por João das Neves, foi o grande destaque, seguido de muito perto por A Refeição, novo texto de Newton Moreno, dirigido por Denise Weinberg, que estréia em São Paulo no dia 7. Outra estréia paulistana provocou reação entusiasmada do público na noite de terça, 27, O Incrível Menino Preso na Fotografia, solo escrito e dirigido por Fernando Bonassi e interpretado por Eucir de Souza, com início de temporada em São Paulo previsto para maio. É ainda grande a expectativa para a estréia na mostra oficial de Odeio Kombi, texto de Hugo Possolo, dirigido por Jairo Mattos , que promete humor inteligente e muitos efeitos de cena, entre eles a explosão da Kombi, nos moldes de um clássico número circense, e oito minutos de chuva. "É o melhor texto do Hugo", garante Mattos. Odeio Kombi estréia no dia 6 no Teatro Arthur de Azevedo. Foto anos 70 Em O Incrível Menino, a idéia explícita no título - um garoto preso naquela clássica foto feita nas escolas públicas na década de 70 -, mais do que um mote ou ponto de partida, é conceito que brota do texto, está presente em cada elemento cênico e dá sentido a todo o espetáculo. Essencialmente, os criadores da montagem colocam o espectador diante de um espelho: como aquele menino, todos nós estamos na prática paralisados desde a década de 70, cientes de que ?há algo de podre? no planeta, mas paralisados. Sem pregações, a peça flagra, quase ?compartilha? o ato de abrigar-se no individualismo. E o faz com poética própria, escapando do realismo didático. Nessa montagem, o aspecto formal é fundamental. A cenógrafa e figurinista Daniela Garcia é uma das sete pessoas que assinam a concepção, além de Bonassi e Eucir. Estivéssemos diante de uma simples mesa escolar, talvez o efeito desejado não fosse alcançado. A visão daquele adulto em uniforme escolar suspenso numa cadeira sobre um suporte branco que remete a uma parede ou página de álbum provoca estranhamento e, paradoxalmente, traz, assim, verdade para a cena, conduzindo o público ao jogo proposto: acreditar naquela situação inusitada. A mesma contribuição vem da luz de Davi de Britto e da trilha original de Marcelo Pellegrini, também integrantes dos ?sete?. Expressões faciais Vivien Buckup é preparadora corporal de Eucir de Souza que, numa difícil e nervosa noite de estréia, se saiu bem na extremamente difícil tarefa de interpretar um solo de 70 minutos sem mexer sequer as mãos. Estático, com direito apenas a expressões faciais, nem mesmo o rosto ele move, conseguiu prender a atenção da platéia com a força de sua emoção e das palavras. Certamente ainda pode tirar muito mais proveito de nuances vocais ao longo da temporada e, assim, explorar melhor os movimentos do texto. Um dos principais méritos do texto é não dar respostas ou fazer cobranças diretas, mas criar pequenos momentos em que a paralisia do personagem funciona como espécie de espelho. Até mesmo na forma gráfica - a peça está publicada num livreto -, o autor faz questão de enfatizar certas frases-chave, como "há um tempo enorme passando agora mesmo", entre outras que remetem o espectador ao presente, para a experiência que ele vivencia ali, naquele momento, na platéia. Sem dúvida, a boa sacada desse espetáculo. Já na mostra paralela, até agora, não surgiu nenhum grande espetáculo, como já acontecera outros anos. Embora em minoria, há bons espetáculos, entre eles "Os Leões", da cia. curitibana "A Armadilha", e "Comendo Ovos", montagem paulistana, com texto e direção de Celso Cruz. A repórter viajou a convite da organização do festival

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