"E Daí, Isadora?" estréia nesta quinta

A peça dirigida por Bibi Ferreira estende os famigerados 30 segundos de revisão da vida antes da morte para uma hora e meia de encenação

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Por Agencia Estado
Atualização:

Há quem acredite que, no momento da morte, o cérebro humano "rebobina" e revive toda a história de uma vida em breves 30 segundos. Na peça E Daí, Isadora?, dirigida por Bibi Ferreira, que estréia nesta quinta-feira, os autores Eliza Maciel e Paulo César Feital estendem esses 30 segundos para uma hora e meia de encenação. Tal momento limiar entre a vida e a morte serve de pretexto para que sejam discutidas questões como vaidade, redenção e reflexão. A egocêntrica atriz Isadora, de 50 e poucos anos, interpretada por Jalusa Barcellos, é a moribunda em questão. Depois de receber, a contragosto, um prêmio pelo conjunto da obra, ela tem um enfarte e fica cara a cara com uma mulher misteriosa, que responde pelo nome de Morte. Papel de Tânia Alves, dona Morte do espetáculo está longe do estereótipo da figura com capa preta e foice na mão. Pelo contrário. É a personificação de uma mulher bela, que tem reivindicações, vontades e desejos humanos. "Essa possibilidade de humanização ela reivindica o tempo inteiro", diz Feital. "A presença da morte traz a urgência, a revisão da vida", explica Eliza Maciel, que é psicanalista e contribuiu com o aprofundamento psicológico das duas personagens. Isadora e a Morte são figuras antagônicas, mas que manifestam uma paixão mútua. A personagem de Tânia Alves, como metáfora da ´transformação´, surge para infernizar Isadora e, assim, induzi-la a derrubar suas defesas, a reavaliar pontos cruciais de sua vida e a reencontrar a humildade. "Existe um trecho do texto que define meu personagem: ´Sou fim e sou começo, sou travessia e destino, instante e eternidade; sou o muro, a ponte, o ponto, o vazio, a mutação, sou constituída do éter; em cada esquina, cada madrugada, entre uma coisa e outra, eu sou a sentinela, o alerta, o aviso de que se morre a cada instante e cada instante se recomeça", comenta Tânia Alves, afastada dos palcos de teatro há quase dez anos. A atriz Jalusa Barcellos acredita que sua Isadora concentra todas as possibilidades de sentimento. "Ela induz as pessoas a rir, chorar, refletir, pensar, passando pelo drama, pela comédia, pela tragédia, pela farsa", diz ela. "Qualquer espectador vai ter um um ponto de identificação." Para Bibi Ferreira, um texto precisa atraí-la de tal forma que a faça tentar visualizar as cenas descritas ao longo das páginas. Foi o que ocorreu com E Daí, Isadora? "Como tudo que é verdade, é cruel, porque vai acontecer. A peça cria uma ligação entre todos nós."

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