Dublês: quando o assunto é perigo, eles entram em ação

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Por Agencia Estado
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Quem não gosta de estar assistindo a uma novela ou filme e de repente se deparar com uma cena de perseguição em alta velocidade, uma luta entre o mocinho e o vilão ou então a uma batida de carro? Estas cenas corriqueiras passam rapidamente na tela e o telespectador nem tem tempo de reparar quem realmente eram as pessoas envolvidas. Qual seria o ator que se arriscaria em uma hora dessa? Na verdade, nenhum. Quem realmente expõe o corpo em cenas perigosas são os dublês. A vida de dublê pode parecer dura para certas pessoas, mas para estes aventureiros quanto maior o risco, melhor. Os dublês são, geralmente, pessoas devidamente treinadas para entrar em cena quando o assunto é perigo. As emissoras alegam que o ator não pode correr o risco de se machucar, o que pode acabar comprometendo o desenvolvimento da trama. Para se transformar em um dublê é necessário fazer uma série de cursos, como alpinismo, natação, queda-livre, rolamento de escada e treinamento básico com o pessoal do exército. Mas, Mário Sérgio, dono da empresa de dublês Brazuca Produções Artísticas e dublê há mais de 15 anos, garante que só isso não é suficiente. "A pessoa que quer seguir esta profissão tem que ter um algo mais dentro dela, alguma coisa que a chame para isso", explica. Quem quiser ser um dos dublês da Brazuca, tem que procurar a empresa e fazer um teste de habilidade (como: capacidade física, facilidade de locomoção, etc). Depois disso, a pessoa será indicada para fazer os cursos necessários e depois de tudo completo ela já pode voltar e ser cadastrada como um profissional da área. Mário ainda ressalta que muitas pessoas se designam dublê por conta própria e que isso pode ser um risco para a pessoa, além de prejudicar a imagem do profissional. "Nós não somos muito valorizados, pois qualquer maluco pode se dizer um dublê, fazer a cena e ganhar pouco", conta. No Brasil, em uma cena simples (correr no meio do mato, por exemplo), o profissional ganha de R$ 250 a R$ 300 e em uma cena com um índice alto de risco, ele pode chegar a ganhar R$6.500. Foi o que Carlos Roberto Figueiredo, o Sabugo, dono da academia Águia de Fogo, ganhou para realizar uma cena em que caía do segundo andar de uma casa na novela Andando Nas Nuvens, da Globo. Para realizar uma cena parecida, substituindo o ator Antônio Banderas, um dublê dos Estados Unidos ganhou 20 mil dólares. A academia Águia de Fogo é a única que treina dublês no Brasil. Um curso, que dá direito até a um certificado, dura 6 meses e custa R$50 a matrícula e R$100 a mensalidade. Os riscos de se machucar em uma cena são pequenos, pois as equipes de dublês usam um material de proteção devidamente especializado para a cena. Mas, mesmo assim, eles existem. "Tive que operar o braço quando fiz uma queda de um prédio para uma reportagem", conta Sabugo. Além de arriscar a própria vida, o profissional passa por muitas situações difíceis e até engraçadas, como o caso de Barão, o dublê do índio Tatuapú (Cláudio Heinrich) na novela Uga-Uga! (leia boxe). "Uma vez eu fui convidado para correr pelado, mas não tive coragem", conta Mário. Ao contrário do que muitos pensam, o dublê não tem que, necessariamente, se parecer com o ator. Isso acontece muito no caso de cenas perigosas com mulheres. "Quando o risco é maior, eu prefiro mandar uma pessoa mais qualificada", diz Mário, explicando a sua atuação na novela Força de Um Desejo em que substituiu a atriz Lavínia Vlasak em uma queda do cavalo.

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