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Druida gaulês, referente histórico de Panoramix, é tema de exposição

Por Agencia Estado
Atualização:

O druida gaulês, herói dos desenhos e filmes, conhecido no mundo inteiro como o personagem Panoramix das histórias de Asterix e Obelix, é pela primeira vez tema de uma exposição, apresentada em Saint-Leger-Sous-Beuvray, na França. Vincent Guichard, responsável pela mostra, afirmou que o objetivo é "desmontar a imagem arquetípica e reconstruir o personagem histórico do druida", tentativa difícil e inclusive paradoxa, segundo o próprio Guichard. De fato o druida, membro da classe sacerdotal herdeira da tradição celta, é uma figura difícil de ser estudada. Além de utilizarem a escrita empregando caracteres gregos, romanos e etruscos, os gauleses não deixaram nenhum texto que fale dos druidas ou de sua religião . Esta proibição foi estabelecida pelos próprios druidas, "para não corromper a memória nem divulgar seus conhecimentos mais sagrados", disse César. "Quando se estuda uma tumba, não se sabe se é ou não de um druida", observa Guichard, acrescentando que os gauleses não representavam nunca seus deuses e muito pouco a figura humana. Um só druida gaulês é conhecido por seu nome: Diviciacos, que viajou a Roma, discutiu com Cícero e falou no Senado romano. Morreu por volta do ano 50 a.C. Objetos históricos - Os organizadores da exposição, que se detém ao final do primeiro século d.C, reuniram ao redor de uma imagem de druida - capa branca e bastão decorado, símbolo de sua dignidade - cerca de cinqüenta objetos, "na maioria encontrados em recentes escavações e que nunca haviam sido expostos". Optaram por comparar os textos de autores gregos e latinos e os achados arqueológicos, estudando as relações entre eles. Os objetos expostos correspondem aos diversos papéis exercidos pelos druidas, que eram, além de juizes, médicos, sábios e mestres, também conselheiros políticos e diplomáticos dos dirigentes e do povo gaulês. Achavam que os druidas tinham contato com os deuses e portanto presidiam a cerimônias religiosas. Entre os objetos expostos, destaca-se uma placa de bronze na qual está gravado um calendário que mostra que os gauleses teriam meses luni-solares que respeitavam o ciclo de 365 dias. Os druidas se opunham a romanização da Gália e os conquistadores romanos os dominaram e criaram escolas para evitar sua influência sobre os jovens gauleses. "Um século depois da conquista, o druida continua a existir, mas marginalizado. De sacerdote, passa a mago", explica Vincent Ghichard.

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