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Dramaturgia brasileira em Londres

Primeira mostra de dramaturgia brasileira acontece este mês em Londres, promovida pelo pelo Royal Court Theatre, a mais tradicional instituição européia de incentivo à dramaturgia no mundo

Por Agencia Estado
Atualização:

New Plays from Brazil (Novas Peças do Brasil) é o título da primeira mostra de dramaturgia brasileira em Londres, promovida pelo Royal Court Theatre, a mais tradicional instituição européia de incentivo à dramaturgia no mundo. De 16 a 20 de janeiro de 2003, será realizada mostra de leituras dramáticas, em inglês, de seis peças produzidas em São Paulo e Salvador, acompanhadas de debates, com a presença dos autores selecionados. E não faltará um viés folclórico: um workshop de samba e apresentações de MPB e música afro-baiana estão na programação. O evento resulta da presença do Royal Court Theatre no País, desde 2001, com o apoio de parceiros como o British Council (Conselho Britânico), o Centro Cultural São Paulo e o Teatro Vila Velha, de Salvador. Os autores selecionados são Beatriz Gonçalves (Esvaziamento), Pedro Vicente (Random) e Celso Cruz (Sete Vidas de Santo), de São Paulo; Cacilda Povoas (O Muro), de Salvador; e Marcos Barbosa (Braseiro e Quase Nada), de Fortaleza. As seis peças nasceram durante os workshops ministrados por diretores do Royal Court em São Paulo e Salvador. O Royal Court Theatre, criado nos anos 50, é das mais importantes instituições do mundo no desenvolvimento do teatro de autor, e, desde 1989, colabora com novos diretores e dramaturgos de vários países. Dois dos autores selecionados, Marcos Barbosa e Beatriz Gonçalves, também participaram do Residência Internacional, promovido anualmente pela instituição, congregando autores emergentes da África, Ásia, Europa e América do Sul. Por e-mail, de Londres, a diretora internacional do Royal, Elyse Dodgson, disse que um dos critérios para a seleção (entre cerca de 16 peças participantes) foi "refletir a diversidade de temas e formas". Elyse destaca que este é o primeiro evento exclusivamente brasileiro promovido pelo Royal. A mostra de dramaturgia integra o projeto Dramaturgos Internacionais, que já incluiu França, Alemanha, Espanha e Rússia, antes do Brasil. "Ao contrário do que chamamos no Brasil de ´processo colaborativo´, em que autor, diretor e atores se reúnem na sala de ensaio buscando a excelência do espetáculo, no Royal, há uma sinergia em torno do texto teatral", diz Beatriz Gonçalves, que em Esvaziamento mostra as conturbadas relações de amizade e amor entre dois casais. Bia conheceu métodos de trabalho, testou cenas na sala de ensaio e participou de encontros com autores de textos montados no Brasil, como Patrick Marber (Mais Perto) e David Hare (Ponto de Vista). "O maior ganho que esse evento pode nos trazer é o reconhecimento da qualidade da produção dramatúrgica brasileira por uma instituição desse porte", opina o jovem dramaturgo cearense Marcos Barbosa, de 25 anos, selecionado com as peças Braseiro e Quase Nada. "Cansa-me ler notas de jornal atestando que este ou aquele ator ou diretor brasileiro foi para os EUA ou Europa à procura de textos para montar. Se o evento servir para mudar essa prática, o ganho já será imenso." O coordenador cultural do British Council no Brasil, Stephen Rimmer, destaca que o projeto continuará em 2003, "possibilitando o acesso de mais dramaturgos brasileiros às técnicas e idéias do Royal Court Theatre". Rimmer acredita que serão priorizados os jovens autores. Também confirmou mais um parceiro brasileiro no projeto, o Sesi. "No Centro Cultural, serão ministradas as oficinas para os autores e, no Sesi, deverão ocorrer as oficinas para diretores e as montagens dos textos." Rimmer ressalta que o número de participantes do workshop poderá aumentar de 10 para 25 participantes.

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