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Dramaturga também é autora de romances

Por Agencia Estado
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Conhecido por seus romances, o escritor José Saramago também já escreveu para o teatro. Três textos seus estão reunidos no volume Que Farei com Este Livro?, publicado pela Companhia das Letras em 1998. Na primeira das histórias, o poeta Luís de Camões, depois de retornar das Índias, "desacostumado dos usos da corte", negocia com a Inquisição a publicação do poema épico Os Lusíadas. Na última peça, São Francisco de Assis volta a viver, nos dias de hoje, e se dá conta de que a ordem que fundou transformou-se numa empresa lucrativa - e se questiona: "Director-geral é o mesmo que superior?" E, na segunda, a redação de um jornal conservador transforma-se num microcosmo para entender a confusão e as diferentes correntes políticas portuguesas quando é informada de que há tropas na rua e que uma revolução - que receberia o nome de Revolução dos Cravos, em 1974 - se inicia. O crítico teatral Sábato Magaldi, quando escreveu sobre a peça A Resistência (montada em 1980), de Maria Adelaide Amaral, perguntou-se por que ela atingia "tão densamente o público". E respondeu que isso acontecia porque nela "o microcosmo retratado espelha magistralmente o macrocosmo da angústia e das relações humanas". O tal microcosmo é também uma redação em ebulição - desta vez, de revista. Se Saramago já escreveu para o teatro, Maria Adelaide também é autora de romances. A obra do gênero mais recente é O Bruxo, lançado no ano passado pela Editora Globo. Em maio deste ano, foi relançado Luísa (Quase uma História de Amor), que tem como personagem-título uma artista plástica, que vive na São Paulo dos anos 60-70. "Luísa é o perfil de uma personagem ausente. Ou cinco tentativas de perfis. A autora omite a própria Luísa: sua face vai-se (in)definindo cada vez mais por meio das visões de Raul, o amigo homossexual; de Rogério, o apaixonado fetichista, guardando em caixas os rastros da pessoa amada; de Sérgio, o ex-amante; de Marga, a amiga militante e solidária; e de Mário, o ex-marido", escreveu Caio Fernando Abreu na "quase-apresentação" da obra, da qual foi extraído talvez o maior sucesso teatral de Maria Adelaide: a peça De Braços Abertos. No ano que vem, a Globo reedita outro romance seu, Aos Meus Amigos (1992).

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