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Dos sonhos

Foi na queima de fogos em Copacabana, no fim de 2017, que eles se conheceram. Será que ela era a mulher da sua vida?

Por Luis Fernando Verissimo
Atualização:

Conheceram-se na queima de fogos em Copacabana, no fim de 2017. Começaram a conversar ali mesmo, na areia da praia, e só pararam quando acabaram os fogos. Ele pediu o endereço dela e ela – já se afastando, puxada pela mãe impaciente – gritou “é longe!”

E ele: “Onde?”. E ela: “No interior. Longe!”. Ele: 

– Ano que vem! Aqui mesmo! Quinze pra meia-noite!” 

E ela: 

– Tá! * Claro que ela não ia se lembrar. Mas se lembrou! Fogos de 2018 em Copacabana e lá estava ela, 15 para a meia-noite, no mesmo lugar, mais linda do que um ano antes, com a mesma mãe atenta.

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– Oi.

– Oi.

– Pensei que você tivesse... 

– Esquecido? Passei o ano inteiro pensando neste encontro.

– Eu também!

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E quando viram estavam de mãos dadas. Seria possível que ele tinha encontrado a mulher da sua vida, daquele jeito, por acaso, na rua, numa noite de Ano Bom? Essas coisas não acontecem, pensou ele.

– Como foi o seu ano?

– Legal.

– Fora o Temer, né?

– Quem? * O ano dele também tinha sido legal. Viajara bastante. Estivera em Nova York e visitara o local das torres gêmeas.

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– Torres?

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– As torres do World Trade Center, que vieram abaixo. Os atentados.

– Eu não fiquei sabendo. 

Foi quando ele pensou: era bom demais para ser verdade. Não era a mulher dos seus sonhos. Paciência. À meia-noite se abraçaram, não se beijaram porque a mãe estava de olho, mas ele já sabia que não ia dar certo. Não tinha nada contra a moça ser do interior. Mas não tão do interior assim.  * – E o que você está achando do Bolsonaro?

– Em que novela?

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Pronto, pensou ele. Fim das ilusões. Mas espera um pouquinho! Uma mulher completamente desinformada. Uma mulher sem opinião, que não estaria sempre pedindo a dele... Uma mulher ideal.

E linda. Ainda mais com o rosto iluminado pelos fogos de artifício de Copacabana. 

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