O problema está em tentar recolher sinais literais de transformação social entre as barracas cada vez mais fortificadas para enfrentar o inverno. Fazer comparações simétricas com o Tea Party à direita é outro desserviço. Nenhum grupo ligado ao Ocupem tem o apoio de conservadores como os bilionários irmãos Koch, que já doaram em torno de US$ 200 milhões para causas conservadoras.
Um comentarista comparou a lerdeza da mídia americana diante do movimento sem líderes à postura dos ditadores árabes expressando perplexidade com a varredura democrática da primavera. É um exagero. Mas vivemos em tempos de tags, categorias a tweets. Tudo deve ter seu encaixe digital e já.
Escrevo no Dia dos Veteranos, sob o impacto do suicídio de um ex-soldado de 35 anos. A polícia não divulgou seu nome, patente ou antigo posto, à espera de notificação da família. Ele se fechou numa barraca do acampamento Ocupem Vermont e apertou o gatilho. Um terço dos americanos que estão voltando para casa das duas guerras, no Iraque e Afeganistão, sofrem de alguma aflição psiquiátrica. O desemprego entre os veteranos é 30% mais alto.
No empurra-empurra resultante da presença dos músicos David Crosby e Graham Nash no parque, na última terça-feira, eu me separei do cinegrafista e fui me embrenhar com uma câmera pelas barracas, à caça de uma foto que registrasse, naquela tarde, o encontro dos anos 60 com a rebeldia dos millenials, como são chamados os jovens de menos de 30 anos. Ao tentar pular um pequeno canteiro, fui alertada por um habitante do parque: "Não se atreva a pisar nas plantas!" Um punhado de flores quase secas eram testemunhas do avanço do outono. Meu censor sabia que estava brigando por poucas pétalas. E eu sabia que ele estava defendendo mais do que o canteiro. Ele queria que eu pisasse no parque com um novo respeito.