Documentário oficial sobre 11 de setembro mostra cenas inéditas

HBO exibe filme encomendado e narrado pelo ex-prefeito Giuliani, com imagens que as emissoras de TV decidiram não pôr no ar nos dias seguintes à tragédia

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Por Agencia Estado
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No domingo, véspera do feriado de Memorial Day, que homenageia os mortos em guerras lutadas por soldados dos Estados Unidos, foi ao ar no canal de TV por assinatura HBO o documentário mais explícito feito até agora sobre os ataques terroristas ao World Trade Center, em 11 de setembro. In Memoriam: New York City 9/11/01 reúne imagens feitas por emissoras de TV, cinegrafistas amadores, fotógrafos profissionais ou não. Algumas destas cenas tinham sido censuradas pela TV americana na época da tragédia, comos os pulos de pessoas presas nos andares altos das Torres Gêmeas. O documentário tem como personagem principal Rudolph Giuliani, ex-prefeito de Nova York, que começa a narração com a seguinte frase: "11 de setembro era para ter sido um dia calmo para mim." Cenas de cartão-postal dos prédios mais altos de Manhattan dão lugar à única imagem do choque do avião da American Airlines contra a Torre Norte do complexo. A partir daí, In Memoriam exibe uma compilação de imagens da tragédia mais filmada por cinegrafistas amadores da história mundial. São cenas e fotos feitas por 16 órgãos da mídia e 118 nova-iorquinos e turistas, espalhados por várias partes de Manhattan e até de outros distritos da cidade, como Brooklyn e Queens. Cada cena ou foto tem uma legenda com o nome do autor e a rua ou região da cidade em que a pessoa estava. Muitas vezes o áudio também foi colocado no ar. O resultado é um retrato de como gente normal viu a tragédia, desde o choque do primeiro avião até o colapso dos edifícios, o início dos trabalhos de resgate e a procura inicial de famílias por notícias de desaparecidos. "Isto deve ser o que Dante descreveu como o inferno", diz o prefeito. Há desde imagens rodadas dentro do andar térreo dos prédios e do processo de evacuação até vistas panorâmicas feitas por helicópteros da polícia e de redes de TV. Câmeras mostraram os edifícios em chamas até de dentro de um trem do metrô que cruzava a Ponte de Manhattan, com a voz do condutor ao fundo dizendo que mudanças seriam feitas no trajeto. Alguns dos momentos mais tocantes, no entanto, estão apenas em áudio: gravações de secretárias eletrônicas e caixas postais deixadas por pessoas que estavam presas nos edifícios para suas famílias. A equipe do ex-prefeito também dá seu relato sobre aquele dia. A entrevista mais emocionante é com a secretária executiva do político, Beth Petrone, cujo marido, o capitão do Corpo de Bombeiros Terry Hatton, morreu na tragédia. Ela diz que já tinha certeza de que o marido estava morto quando a segunda torre ruiu. Ela também descobriu poucos dias depois que estava grávida do primeiro bebê do casal. A idéia do documentário foi do próprio prefeito da cidade na época. Rudy Giuliani achava que era importante gravar a maneira como Nova York funcionou em 11 de setembro e nas semanas seguintes. Ele entrou em contato com o produtor Brad Grey, de séries de sucesso como Família Soprano, que passou a bola para Sheila Nevins, vice-presidente de programação do HBO. Um acordo garantiu acesso irrestrito de equipes do canal aos funcionários da prefeitura. As entrevistas com a equipe de Giuliani eram o esqueleto do programa. As imagens para cobri-las foram conseguidas com pedidos a redes de TV, anúncios em jornais, contatos em escolas de jornalismo e muita procura na internet.

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