19 de abril de 2012 | 11h13
Nos anos 70, período em que o regime militar estimulava a ocupação da Amazônia, a vasta fazenda, considerada o maior latifúndio do mundo, passou para o controle de um grupo empresarial, sem que se fosse levada em conta a situação dos índios que ali viviam. Depois de ser explorado por anos por outra empresa, o tal "vale dos esquecidos" teve parte da área vendida para fazendeiros e outra, invadida por posseiros e grileiros. Somente em 2010, a Justiça Federal determinou que a região pertence aos índios e deveria ser desocupada, o que não ocorreu.
Em seu primeiro longa-metragem, Maria quis mostrar todos os lados envolvidos na questão. "Eu sentia falta de um trabalho sobre as disputas de terras no Brasil", diz ela, que passou a infância visitando fazendas de parentes em Goiás e Mato Grosso, familiarizando-se com esta situação.
Maria, porém, não foi bem-recebida no primeiro contato com a tribo local. "Os índios xavantes são bastante bravos, bastante ressentidos com o homem branco."
Fora as dificuldades quanto às condições precárias de locomoção e de conseguir as entrevistas, a diretora teve medo mesmo em uma caminhada na mata em que o fazendeiro americano John Carter encontrou uma cabana de posseiros em suas terras e ateou fogo nela. "Eles poderiam estar atrás das árvores", recorda-se.
Para a cineasta, a falta de clareza das políticas públicas sobre a questão das terras indígenas e as mudanças de diretrizes a cada gestão federal são entraves para se chegar a soluções. "O governo adotou diversas posturas ao longo dos anos e foi isso que acarretou os problemas fundiários que temos hoje", comenta. As informações são do Jornal da Tarde.
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