Do Youtube à passarela

Exército de seguidores na web ajudou Kate Upton a se tornar um fenômeno

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Por GUY TREBAY
Atualização:

Houve uma época em que a maneira mais segura de uma modelo chegar ao estrelato era desfilar para um grande costureiro. Mas isto foi antes que a mídia social mudasse o caminho da fama. Ao contrário das muitas beldades anônimas que hoje se destacam na Semana da Moda de NY, Kate Upton, de apenas 19 anos, uma mistura improvável de corpo de pin-up dos anos 50 e pernas que seriam o orgulho de um armador de time de basquete, chega à cena como um fenômeno que em grande parte ela própria criou na internet.

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Kate não só tem um exército de seguidores no Twitter (170 mil pessoas pela última contagem), ou um vídeo no YouTube com mais de 3 milhões de espectadores, ou um potencial de marketing atingido após sua chegada vertiginosa ao 2.º lugar na lista das 99 tops do mundo, segundo a revista online AdkMen.com.

Menos de um ano depois de Upton postar um vídeo de si mesma num jogo dos Los Angeles Clippers dançando o Dougie, popularizado numa música hip-hop, ela alcançou uma das posições mais invejadas do mundo. Integrando um clube de elite de modelos extremamente famosas - como Tyra Banks e Heidi Klum - prova que não há um caminho único para o sucesso.

"Sabemos que a mídia social agora cria a própria realidade", disse Wayne Sterling, editor do site Models.com. "Se você se tornar conhecido no YouTube, terá chance de ser reconhecido muito mais do que uma estrela da TV. Kate Upton é exemplo perfeito disso."

Logo depois que o vídeo do Dougie se tornou sucesso, um caçador de talentos levou Kate Upton até Ivan Bart da IMG Models, a empresa que criou as carreiras multimilionárias de Gisele Bündchen, Klum e Kate Moss. "Ninguém achava que ela era suficientemente sexy", lembrou Bart, o superempresário que dirige a IMG. Mas ele a contratou e logo Upton começou a ser procurada para sessões de fotos.

Com 1,80 metro de altura e medidas perfeitas, Kate nada tinha a ver com o frio ideal de beleza robótica da Europa Oriental. "Upton é a Jane Mansfield da internet", garantiu Bart.

Embora as passarelas de Nova York, Paris e Milão continuem exercendo enorme influência, é cada vez mais difícil para a alta-costura ignorar o mundo fora das instalações da Semana da Moda, particularmente o mundo virtual. E ajuda muito quando a garota já tem uma plataforma e um público, como Kate.

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Entre os que duvidam do potencial de Kate está Sophia Neophitou, a editora-chefe da bíblia do estilo britânico, a revista 10, e a força criadora por trás do casting dos desfiles da Victoria's Secret. "Jamais usaríamos Kate num desfile da Victoria's Secret. Seu visual é excessivamente óbvio."

E, no entanto, Kate é hoje o novo rosto mais procurado da indústria da moda na próxima edição da revista cult V, com um público fiel de pessoas que estão mais por dentro da atualidade.

"Não me senti atraído por ela pelo fato de ter-se destacado online e por ter milhões de seguidores no YouTube", disse Stephen Gan, editor-chefe e diretor de criação da V. "Mas se a gente olhar as fotos de Jean Harlow, perceberá que ela tinha as mesmas curvas de Kate e era a definição da beleza do seu tempo."

Dias atrás no escritório da IMG Models de Manhattan, usando jeans apertados, sapatos de salto altíssimo Christian Louboutin, Kate, nascida em Michigan e criada em Melbourne, Florida, declarou. "A mídia social dá personalidade às modelos. É assim que hoje os consumidores decidem o que comprar".

"As pessoas me diziam que eu não poderia ser 'fashion', que sou apenas uma garota com um corpo ultrapassado, boa apenas para apresentar maiôs", disse. "Mas eu sabia que poderia trazer de volta a supermodelo. Sou uma garota pela qual as pessoas sentem empatia", acrescentou.

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