PUBLICIDADE

Do erudito ao eletrônico

Olinda e Recife abrigam evento que celebra os maiores nomes da música no País

Por Lucas Nobile e OLINDA
Atualização:

As cidades de Olinda e Recife receberam anteontem a segunda noite da etapa de concertos da Mostra Internacional de Música em Olinda, a Mimo. Assim como na quarta-feira, os locais dos concertos e também dos documentários com temática musical - como Sex Beatles Memorabilia, apresentado às 19 horas do lado externo da Igreja da Sé, em Olinda - estavam praticamente com lotação máxima.Em termos quantitativos, como era de se esperar, os franco-argentinos do Gotan Project foram os arrebanhadores do maior público em sua apresentação no Parque do Carmo, em Olinda. Mais de 10 mil pessoas, segundo estimativas da polícia. Com a música sendo relegada a segundo plano, o show foi encarado como uma verdadeira balada. Com um som classificado como eletrotango pelos críticos e especialistas, a música do Gotan Project é muito mais eletrônica e rasa do que tango.Na comparação com a primeira noite de concertos, a segunda ficou um pouco abaixo. O que não soa como nenhum demérito. Não era tarefa fácil superar o show de Guinga com a Orquestra Sinfônica do Recife, no Parque Dona Lindu, no Recife.Os trabalhos foram abertos no Seminário de Olinda, com show do Azimuth, e de Arrigo Barnabé, na Igreja Rosário dos Homens Pretos, no Recife. Em Olinda, o trio formado por Ivan Conti "Mamão", na bateria, Alex Malheiros, no baixo, e José Roberto Bertrami, teclados, foi extremamente prejudicado pela equalização do som, compreensivamente complicada de ser resolvida por causa da dificuldade acústica de se montar um show dentro de uma igreja. Para se ter uma ideia, do lado de fora, acompanhando pelo telão, ouvia-se melhor o som. Nada que fosse indispensável, já que o grupo fez uma apresentação padronizada, com standards entre a bossa e o sambajazz, tocando temas próprios e até Águas de Março, ainda sobrando espaço para composições funkeadas ou que enveredavam mais para o rock. Ao mesmo tempo, Recife recebia show de Arrigo Barnabé.Logo após o Azimuth, por volta das 20h45, com 15 minutos de atraso, Arthur Verocai comandou a apresentação de maior destaque - em termos qualitativos - da noite de anteontem. Ao longo de todo o concerto, contando com as participações especiais do Projeto Coisa Fina (big band que ainda se apresentaria sozinha ontem no Mosteiro de São Bento), de Carlos Dafé e de Clarisse Grova, o violonista, compositor e arranjador regeu um show com 17 números e direito a bis.Ainda contando com a presença das cordas da Orquestra Experimental de Câmara, Verocai foi ovacionado pela plateia da Igreja da Sé, em Olinda, e aplaudido de pé depois das interpretações de temas de sua autoria, como Karina (Domingo no Grajaú), Sylvia, Velho Parente, Presente Grego, Pelas Sombras, O Tempo e o Vento e Na Boca do Sol. Com seu primeiro disco lançado em 1972, o show de anteontem regido por Verocai - por mais que o reconhecimento dele no País seja crescente - revelou grande adoração do público pernambucano pela obra dele e por mais um show gratuito na Mimo. Além disso, foi mais uma prova clara de como um compositor genial pode ser tão pouco reconhecido no Brasil e ser considerado um gênio no exterior. Verocai é mais um patrimônio intangível brasileiro, um tesouro infelizmente exportado, que merece suas glórias por aqui.PROGRAMAÇÃOPrimeiros destaquesCom a etapa de concertos da Mimo rolando de quarta até amanhã, veja quem brilhou até agora.GuingaProvou ser dos maiores compositores brasileiros. Na abertura da mostra, quarta, emocionou o Parque Dona Lindu com a Orquestra Sinfônica do Recife, Paulo Sérgio Santos (clarinete), Jessé Sadoc (trompete) e Lula Galvão (violão). Arthur VerocaiTendo como convidados o Projeto Coisa Fina, Carlos Dafé e Clarisse Grova, ele regeu o lindo concerto em que apresentou seus temas pouco conhecidos no Brasil. Foi o melhor de anteontem.Naná VasconcelosFoi o maior destaque com seu berimbau na noite de quarta-feira. A Igreja da Sé também recebeu uma apresentação emocionante de Ballaké Sissoko, do Mali, e de Vicent Segal, da França. L.N.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.