Divulgada foto de García Márquez agredido por Vargas Llosa

Uma fotografia feita há 30 anos traz as marcas da suposta agressão

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Por Agencia Estado
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O fotógrafo Rodrigo Moya divulgou hoje pela primeira vez uma fotografia feita há 30 anos do escritor colombiano Gabriel García Márquez com as marcas da suposta agressão que sofreu do colega peruano Mario Vargas Llosa, incidente que pôs fim à amizade entre os dois. O jornal mexicano La Jornada publicou hoje, no dia do 80.º aniversário de García Marquez, duas fotografias do Prêmio Nobel de Literatura com o olho esquerdo roxo e divulgou o relato do fotógrafo no artigo "A terrível história de um olho roxo". Moya, fotógrafo mexicano de origem colombiana, afirma que fez a imagem porque o escritor "queria uma comprovação daquela agressão". A foto foi feita em 14 de fevereiro de 1976 na casa de Moya na colônia Nápoles da Cidade do México, dois dias depois de García Márquez receber um soco do escritor peruano, segundo o fotógrafo. Comprovação "Gabo queria uma comprovação daquela agressão e eu era o fotógrafo amigo e de confiança para perpetuá-la", acrescentou Moya. O fotógrafo lembrou que, ao vê-lo, perguntou ao escritor o que tinha acontecido e este foi evasivo. "Ele atribuiu a agressão às diferenças (com Vargas Llosa), que eram insolúveis, na medida em que o autor peruano se somava a ritmo acelerado ao pensamento de direita", disse. "Sua mulher, Mercedes Barcha, que o acompanhava na ocasião (...), foi menos lacônica e comentou enojada a brutal agressão", acrescentou Moya. "Em uma exibição privada de cinema, García Márquez se encontrou pouco antes do início do filme com o escritor peruano. Dirigiu-se a ele de braços abertos para o abraço. Mario! Foi a única coisa que conseguiu dizer ao cumprimentá-lo, porque Vargas Llosa o recebeu com um golpe seco que o atirou sobre o tapete, com o rosto banhado em sangue", explicou Moya ao lembrar o relato de Mercedes. O autor colombiano foi levado "com uma forte hemorragia, o olho fechado e em estado de choque" para sua casa no sul da capital mexicana, no bairro do Pedregal. "Ele tentava evitar qualquer escândalo e o internamento hospitalar não teria passado despercebido", afirmou. Contundentes direitas A mulher do escritor explicou que aplicou vários remédios caseiros para absorver a hemorragia e fez uma avaliação contundente do ocorrido. "É que Mario é um ciumento estúpido", repetiu Mercedes várias vezes. O fotógrafo deduziu dos comentários que foram feitos naquele dia que, "enquanto os dois casais viviam em Paris, os García Márquez tinham tentado mediar os distúrbios conjugais entre Vargas Llosa e sua esposa Patricia, acolhendo suas confidências". "Como costuma ocorrer, os conselhos e comentários do casal colombiano chegaram a Vargas Llosa quando este se reconciliou com sua esposa", afirmou Moya. "E o que for que tenha dito ou ocorrido, o certo é que o peruano se sentia gravemente ofendido, e sua fúria foi exposta daquela maneira selvagem", disse. García Márquez pediu a Moya que ficasse com as fotos e lhe enviasse cópias. "Guardei as fotos por 30 anos, e agora que ele completa 80 anos, e 40 da primeira edição de Cem anos de solidão, considero correta a publicação deste comentário sobre o terrível encontro entre dois grandes escritores, um de esquerda, e outro de contundentes direitas", afirmou o fotógrafo.

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