
17 Julho 2010 | 00h00
As gravações estão agrupadas tematicamente, o que contribui para dar uma visão mais ampla de cada modalidade ou formação instrumental em que esse estilo se projetou e se modernizou, além do tradicional regional. No entanto, o terreno seguro do clássico acaba prevalecendo sobre gravações modernosas, como é o caso de Um Abraço Seu Domingos (Amilson Godoy), com Dominguinhos, cujo arranjo soa datado, pasteurizado.
O próprio Dominguinhos, que divide o CD Chorando no Fole, com outros sanfoneiros de responsa (Chiquinho do Acordeon, Oswaldinho, Marcelo Caldi e Kiko Horta), brilha mais em outras faixas. Já Radamés Gnattali - O Modernizador do Choro, como comenta Cazes, tem arranjos antigos do maestro mas soam como se tivessem sido feitos "na semana passada". É um dos melhores da caixa, sem dúvida. Clássico e atual.
Jazz e vocal. Entre as gravações mais antigas estão as de Severino Araújo e a Orquestra Tabajara, que predomina em Quando o Choro Foi Jazz. A grande dama do gênero, Ademilde Fonseca, dá o ar da graça em uma faixa e é senhora absoluta de O Choro Cantado. Baby do Brasil (ex-Consuelo) bem que tentou, mas jamais atingiu o preciosismo da matriz, que cantava com uma velocidade de tirar o fôlego sem suprimir uma sílaba sequer. Tico Tico no Fubá, Urubu Malandro, Brasileirinho e Teco-Teco estão entre seus registros antológicos. As irmãs Buarque, Miúcha e Cristina, são bem mais contidas.
O Choro dos Virtuoses "homenageia músicos que souberam dosar técnica e balanço", conforme observa Cazes. Ele próprio, a provar a vocação renovadora do choro, aparece entre os mestres Altamiro Carrilho, Waldir Azevedo, o conjunto Época de Ouro, fundado por Jacob do Bandolim, e Déo Rian, que se aproxima de Bach com o Quinteto Villa-Lobos. Um banho de dinâmica e colorido.
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