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Dianne Reeves faz shows no Brasil na próxima semana

Por AE
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A sexta edição da série Jazz All Nights traz este ano uma cantora três vezes premiada com o Grammy de melhor vocalista de jazz, Dianne Reeves, mais conhecida por ser a intérprete de quase todas as músicas do filme dirigido por George Clooney, "Good Night, and Good Luck" (Boa Noite e Boa Sorte), sobre a perseguição macarthista nos EUA dos anos 1950 - mais especificamente, a do jornalista Edward R. Murrow, acusado de atividades comunistas pelo senador Joseph McCarthy, que saiu chamuscado do confronto. Dianne canta primeiro no Rio (dias 24 e 25, no Teatro Oi/Casagrande) e depois em São Paulo (dia 26, no Teatro Bradesco/Shopping Bourbon). Ela ainda está mexendo no repertório do show, que vai ter participação especial do violonista carioca Romero Lubambo, mas já adiantou, por telefone, que vai cantar também MPB - cita nominalmente Ivan Lins. Dianne Reeves, que no começo de carreira cantava música latina com o grupo Caldera e se apresentou com o conjunto de Sérgio Mendes, conhece um bocado de canções brasileiras - e, para provar, canta um trecho de uma favorita, "Casa Forte", de Edu Lobo.Prima do tecladista George Duke, que gravou ao lado de brasileiros como Milton Nascimento e Airto Moreira, Dianne Reeves diz que não planejou sua carreira com foco num único segmento jazzístico. Tanto é verdade que foi uma surpresa para ela a escolha do seu nome para integrar a trilha de "Good Night, and Good Luck", repleta de baladas clássicas. Inicialmente, imaginava que os planos do diretor George Clooney se resumiam a usar sua voz de contralto numa única faixa, mas o cineasta selecionou para ela nada menos do que 14 standards da música americana - de "Solitude", de Duke Ellington, a "How High the Moon", de Morgan Lewis. Só uma faixa do CD é instrumental, contando com o mesmo combo que a acompanha, em que se destacam o pianista Peter Martin, seu diretor musical, e o saxofonista Matt Catingub."Peter Martin estará comigo no Brasil, claro, além do baixista Chris Thomas e do baterista Terreon Gully", adianta a cantora. Martin a ajudou a captar o espírito da época de "Good Night, and Good Luck". "Como você sabe, George é sobrinho de Rosemary Clooney (1928-2002) e a tia cantava todos esses standards para ele." A tia, como o sobrinho, era democrata. Bipolar, teve uma crise depressiva quando seu amigo Robert Kennedy, então em campanha presidencial, foi assassinado, em 1968. O filme, assim, foi também uma homenagem a Rosemary. Dianne, que é democrata e votou em Obama, diz ter sido uma honra integrar o filme de Clooney, um acerto de contas com a direita hidrófoba americana."Eu passei minha adolescência ouvindo Nina Simone, e não apenas sua música, mas seus discursos contra a segregação racial; então, penso que é um retrocesso alguém como Clint Eastwood vir a público e dizer que a cadeira do presidente americano está vaga, ignorando o que Obama fez pela democracia dos EUA, tornando-o um país mais digno para se viver." Dianne Reeves não sofreu discriminação como Nina Simone, obrigada a abandonar seus estudos de música clássica por ser negra e rejeitada em todas as faculdades. Dianne, que nasceu numa família musical ("minha mãe tocava trompete, imagine") começou a estudar piano, mas descobriu cedo, aos 11 anos, que queria mesmo era ser cantora. Isso não a afastou do mundo erudito. Ela já gravou com a Sinfônica de Chicago, dirigida por Daniel Barenboim, e foi solista em concertos da Filarmônica de Berlim sob a batuta de sir Simon Rattle.A cantora começou sua carreira solo há exatos 30 anos. Um ano antes, em 1981, ela fez uma turnê com Sérgio Mendes. Lembra com carinho do músico. Diz que foi de tanto fazer vocalise que desenvolveu um desejo incontrolável de colocar letras em peças instrumentais brasileiras. "Ficava ouvindo essas músicas e imaginava o que o compositor queria dizer com elas", conta, revelando que seus primeiros passos como letrista foram dados na época em que fixou residência em Los Angeles. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.DIANNE REEVESTeatro Bradesco (Rua Turiassu, 2.100, Shopping Bourbon). Dia 26, às 21 h. De R$ 60 a R$ 150. Vendas: 4003-1212 ou na bilheteria.

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