Desenhista dos EUA participa de festival em Recife

Convidado para presidir o júri do Festival Internacional de Humor e Quadrinhos de Recife, Peter Kuper conversa com o público nesta quinta em São Paulo

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Por Agencia Estado
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O desenhista norte-americano Peter Kuper tem dois lados: um deles desenha George Bush fazendo acordos com o diabo enquanto o outro faz um livro infantil ensinando jazz às crianças. Extremamente político, também é capaz de expor seus próprios dramas pessoais em uma autobiografia em quadrinhos que deve ser lançada em breve nos Estados Unidos, Stop Forgetting top Remember: The Autobiography of Walter Kurtz (Kurtz é o alter ego de Kuper). Convidado para ser o presidente do júri do Festival Internacional de Humor e Quadrinhos de Recife, Kuper estará nesta quinta-feira em São Paulo, na Gibiteca do Centro Cultural São Paulo, às 19 horas, para falar de sua extensa obra e da conotação política."Eu quero colocar nos quadrinhos algo que seja importante para mim", declara Kuper. No Brasil, já teve publicada a sua adaptação do clássico de Franz Kafka, A Metamorfose, pela editora Conrad. Kuper começou a desenhar aos 11 anos em um fanzine criado junto ao amigo Vaughn Bode, que também se tornaria desenhista. No fanzine, o qual produziram até os 17 anos, entrevistou Jack Kirby, co-criador dos X-Men e do Homem-Aranha. Aos 14 anos, conheceu Robert Crumb, apresentado por Harvey pekar, o roteirista de American Splendor, que "na época ainda não era ninguém", lembra Kuper. Chegou a trocar um disco de 78 rotações com Crumb. Em 1979, criou a revista em quadrinhos World War 3, publicada até hoje com colaboradores como Joe Sacco. Na revista, faz duras críticas ao governo Bush. "É o pior presidente da história dos Estados Unidos. Eu não poderia estar mais chateado", afirma. Uma de suas histórias parodiava Bush o transformando em Riquinho Rico. Por coincidência, Kuper foi arte-finalista da revista de Riquinho Rico no início dos anos 80. Atualmente desenha, entre capas de publicações importantes como Time e Newsweek, a seção Spy vs. Spy, da revista Mad. Sobre a diferença entre seu trabalho político e Spy vs. Spy, Kuper cita a importância da revista que, segundo ele, colocou política e humor juntos. "A Mad influenciou Simpsons e outros autores. Atualmente, a audiência é de adultos, mas eu gosto da idéia de que esteja atingindo um público mais jovem e espero que Spy vs. Spy seja uma ponte para meus outros trabalhos." Apesar de preferir trabalhar com suas próprias histórias, Kuper tem colaborado com Alan Moore (criador de V de Vingança) e com Harvey Pekar. Pretende fazer algo baseado na Geração Beat. E seu editor quer que faça uma história em quadrinhos com Noam Chomsky. "Mas não sei se vai dar certo ", declara.

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