"Havia romances de Jorge Amado entre os livros da casa da minha infância. O primeiro que li e que me causou grande impacto foi
Suor
. Ainda hoje, me lembro de algumas personagens dessas páginas e, também, da forma como algumas descrições mais sensuais aqueciam a imaginação de um garoto em início de adolescência, eu. Logo depois, li mais alguns desses livros da minha mãe --
Dona Flor e Seus Dois Maridos
por exemplo -- com a memória das produções da Globo que, nessa época, paravam o trânsito em Portugal. Mesmo. Na hora das telenovelas, não havia ninguém nas ruas.
Nunca fui à Bahia, mas, às vezes, até acho que já fui. Jorge Amado levou-me lá numa idade em que cada palavra lida me deixava marcas para sempre. "
Leticia Wierzchowski, ficcionista gaúcha, autora de A Casa das Sete Mulheres e Neptuno (Record), entre outros livros
"O que eu acho do Jorge Amado? Acho que é um escritor muito especial com um talento absurdo para criar personagens. E a Salvador que ele ergueu nos seus livros varou os mares. Jorge Amado transformou o Brasil num assunto interessante para o mundo muito antes que qualquer outro o tivesse feito. Ele está para a literatura assim como Dorival Caymmi está para a música... Duas novelas do Jorge Amado marcaram a minha vida, e têm lugar de destaque na estante aqui em casa:
Capitães da Areia
e
A Morte e a Morte de Quincas Berro D'Água
. Era um contador de histórias e um incrível ficcionista - mas todos sabemos que não era um escritor muito adorado pela academia. Não estava nem aí. Foi ele quem disse: 'Eu acho prêmio em geral uma bestice.' Salve, Jorge Amado."
Maussaud Moisés, paulista, professor aposentado de literatura da USP, autor de História da Literatura Brasiliera, A Literatura Brasileira Através dos Textos e A Literatura Portuguesa (Cultrix), entre outras obras
"Tenho para mim que a carreira literária de Jorge Amado percorre três fases: a primeira corresponde ao que se denominava 'romances da Bahia' e 'ciclo do cacau', que vai desde
O País do Carnaval
até
São Jorge dos Ilhéus
; a segunda, de caráter panfletário, com
Seara Vermelha
e
Os Subterrâneos da Liberdade
; a terceira, a partir de
Gabriela, Cravo e Canela
, de apelo popular e sem o compromisso ideológico que, de algum modo, se deixava subentender nas obras da fase inicial. As obras do autor que considero fundamentais são:
Jubiabá
,
Capitães da Areia
,
Quincas Berro D’Água
(de
Os Velhos Marinheiros
),
Gabriela, Cravo e Canela
e
Dona Flor e Seus Dois Maridos
."