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Denise Stoklos volta com obra inédita

Por Maria Eugenia de Menezes
Atualização:

Denise Stoklos nunca se afastou dos palcos. Recentemente, esteve em São Paulo reapresentando sucessos de seu repertório, como Calendário da Pedra e Vozes Dissonantes. Mas fazia tempo que a múltipla artista paranaense não se arriscava em uma nova criação. Com Preferiria Não?, Denise preenche uma lacuna de quase seis anos. A peça, que fez sua estreia no Festival de Curitiba na última quinta-feira, é a primeira obra inédita desde 2005, quando apresentou Louise Bourgeois: Faço, Desfaço, Refaço. Se o trabalho anterior era um mergulho no universo da artista plástica franco-americana, agora a atriz se detém sobre um consagrado título da literatura. O ponto de partida é Bartleby, O Escriturário. Nessa curta novela, Herman Melville fala sobre a história de um excêntrico copista de Wall Street. Inicialmente eficiente, ele, de repente, recusa-se a trabalhar. Para a atitude inesperada, não oferece desculpas ou explicações. Diz, simplesmente, que prefere não fazer. Assim como no livro de Melville, opta-se no espetáculo pelo ponto de vista do patrão. Não se deve esperar, porém, por muita fidelidade à obra original. Nesse sentido, Preferiria Não? é perfeitamente coerente ao percurso de sua criadora. Como em todas as suas peças, Denise assume não apenas a função de intérprete, mas também de encenadora e dramaturga. E impregna qualquer texto de uma carga pessoalíssima. Ainda que o enredo seja diferente, Preferiria Não? parece seguir por um caminho já conhecido pelo público que acompanha a artista: a presença performática, o apuro com o trabalho físico e uma forte dose de crítica à sociedade contemporânea.

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