Demanda por bonecas realistas move indústria de 'bebês'

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Por SO
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Seus peitos se movem, como se estivessem respirando, e é possível ouvir uma minúscula batida cardíaca. Mas esses bebês à venda pela Internet não estão vivos. "Bebês renascidos" são bonecas-bebês assustadoramente realistas feitas de vinil que vêm rapidamente ganhando popularidade com colecionadores, avôs nostálgicos e pais que choram a perda de seus bebês. Feitas por um círculo crescente de entusiastas, elas são pintadas várias vezes para recriar a cor da pele de um recém-nascido, têm "cabelos" e cílios feitos de mohair e ganham pesos em seu interior para terem o peso de bebês humanos. "Minha filha queria um irmão e eu não queria ter mais filhos, então fiz uma boneca para ela", contou Deborah King, que começou a produzir bonecas como hobby três anos atrás e agora as vende através da Reborn Baby (www.reborn-baby.com). O termo "renascido" refere-se ao processo usado para produzir as bonecas customizadas, disse ela. A maioria dos clientes de King é feita de colecionadores e avós que sentem saudades de seus netinhos quando bebês. Outros são pessoas que simplesmente sentem prazer em segurar no colo as bonecas realistas, que podem ser equipadas com componentes eletrônicos para simular batidas cardíacas e respiração. "As pessoas gostam de segurar bebês no colo", disse King, que tem 32 anos e dois filhos, à Reuters, pelo telefone. King vende as bonecas por entre 250 e 1.600 libras (492 a 3.146 dólares) e recebe entre 10 e 15 pedidos por semana. Seu site traz listas de bonecas-bebês fotografadas em berços e vestindo roupinhas de bebê. Algumas são descritas como sendo "prematuras". A maioria têm nomes de meninas e são descritas como estando "aguardando para ser adotadas". Outros sites trazem dicas práticas para pessoas que querem aderir ao hobby. O Reborn Babies UK (www.rebornbabiesuk.com), por exemplo, inclui discussões sobre vários temas ligados à produção de bonecas, desde métodos de processamento e discussões sobre se bonecas de silicone são mais quentinhas quando pegadas no colo até maneiras de explicar o hobby a amigos que acham as bonecas "reais demais". Alguns membros encomendam réplicas de seus filhos vivos. "A grande maioria dos clientes quer colecionar uma obra de arte", disse Cathy Newcombe, que administra o site. "Entre 10 e 15 por cento dos pedidos são para mulheres que perderam um filho." Ela comentou que psicólogos que procuram ajudar pais que perderam um filho estão cada vez mais recomendando que se pegue as bonecas no colo, como ajuda terapêutica. Deborah King passa pelo menos cinco horas por dia trabalhando sobre as bonecas, que levam sete dias para ser aprontadas. "Se eu parasse de trabalhar amanhã, poderia fazer isto como trabalho em tempo integral, mas preciso sair de casa também", disse ela.

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