'Dei carta branca para Alvim. A cultura tem que estar de acordo com a maioria', diz Bolsonaro

Presidente Jair Bolsonaro diz que deu carta branca para Roberto Alvim, que nomeou Sergio Nascimento Carvalho para a Fundação Palmares, e se esquivou de declarar se concorda com ele

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Por Mateus Vargas
Atualização:

BRASÍLIA - Questionado sobre declarações do novo presidente da Fundação Palmares, Sergio Nascimento de Camargo, que afirmou ter sido "benéfica para os descendentes" a escravidão, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira, 29, que a cultura tem de estar "de acordo com a maioria da população". 

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Bolsonaro voltou a se esquivar sobre declarar se concorda ou não com as bandeiras defendidas pelo novo chefe da fundação. O presidente atribuiu ao secretário especial de Cultura, Roberto Alvim, a responsabilidade sobre a nomeação. 

"O secretário é um tal de Roberto Alvim. Dei carta branca para ele. A cultura nossa tem de estar de acordo com a maioria da população, não de acordo com a minoria. Ponto final. Ele que decide", disse Bolsonaro. 

Sergio Camargo, novo presidente da Fundação Palmares, na foto do seu perfil do Facebook Foto: Reprodução Facebook

Bolsonaro afirmou que recebe semanalmente Alvim para despachar. "Só vou responder algo (sobre o novo presidente da Palmares) depois de ouví-lo", disse. 

O novo presidente da Fundação Palmares, instituição ligada à Secretaria Especial de Cultura, afirmou em suas redes sociais que o Brasil tem um "racismo nutella", defendeu a extinção do feriado da Consciência Negra e declarou apoio irrestrito ao presidente Jair Bolsonaro. Camargo também atacou personalidades como a ex-vereadora do Rio Marielle Franco e a atriz Taís Araújo.

A nomeação faz parte de uma série promovida por Roberto Alvim. O novo secretário da cultura defende o engajamento de artistas conservadores em pautas do governo. No final de setembro, Alvim chamou a atriz Fernanda Montenegro de "intocável" e "mentirosa", o que provocou a reação da classe artística.

Bolsonaro lembrou que já foi acusado de racismo. "Eu já fui acusado de racista. Lembra o que o CQC fez comigo?". Segundo Bolsonaro, a acusação foi resultado de uma edição distorcida de uma entrevista concedida por ele ao programa de humor.

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"Três anos depois a verdade veio à tona. CQC informou à Polícia Federal que não tinha mais a fita. Foi reutilizada. Aquilo seria um troféu na imprensa. Por que foi reutilizada? Segundo eles porque era uma mentira. Supremo entendeu arquivar o processo", disse.

"Como passei três anos respondendo por racismo. Como passei dois anos respondendo por crime ambiental e foi arquivado. Como tentaram agora me envolver no caso Marielle. O tempo todo assim", reclamou Bolsonaro.

As declarações de Bolsonaro foram dadas em frente ao Palácio da Alvorada. "Deixa eu responder para vocês. Você não vai conduzir a minha resposta. Você não aprendeu ainda?", disse Bolsonaro a um jornalista. As falas do presidente foram acompanhadas de aplausos e gritos de seus apoiadores. 

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