02 de maio de 2022 | 03h00
Heartstopper, da Netflix, é daquelas joias raras que aparecem de vez em quando. E o sucesso é concreto: 100% de aprovação no Rotten Tomatoes, site gringo que avalia cinema e TV, e sétima série mais vista globalmente na plataforma já na primeira semana. Nesta terça-feira, 3, subiu para o quinto lugar global com quase 24 milhões de horas de exibição, de acordo com a plataforma de streaming.
Além disso, desde o lançamento em 22 de maio, é só do que fala o Twitter - exceto talvez pela venda da plataforma para o bilionário de plantão, mas isso é outro assunto. No TikTok, com certeza, a trama foi unanimidade.
Sem muita enrolação, é a história de dois adolescentes descobrindo o primeiro amor. Acontece que os dois são homens e vêm junto todos os conflitos de lidar com o despertar da sexualidade.
Mas não com o drama que estamos acostumados e cheia de virtudes.
Acompanhar Charlie Spring (Joe Locke) e Nick Nelson (Kit Connor) é um alívio, porque a trama já meio entrega que você não precisa se preocupar com a morte de alguém no final.
É uma história para ver feliz, mesmo nas passagens confusas, complicadas ou revoltantes. É uma história de empatia e amor. Mas, acima de tudo, uma história de conforto.
Ainda assim, não há negação da realidade. Também isso é uma virtude. Nenhuma vida adolescente é só sossego. O bullying, os conflitos, as crises e a violência também aparecem.
A trama vem das mãos de Alice Oseman, que começou a escrever no Tumblr. Mais Gen Z, apenas se fosse nativa do TikTok. Ela tem 27 anos e se identifica como pessoa não-binária. A adolescência passou, a história cresceu e hoje já são diversos livros e HQs publicados. Entre eles, Heartstopper.
É inspirador ver que novas gerações terão essa referência. Um romance de transição, de crescimento, a história de príncipe encantado que a maioria daqueles da comunidade LGBTQ+ nunca teve nem terá. Que indica até para uma mudança de paradigma nas relações. O rompimento de ciclos exageradamente sexualizantes.
É difícil dizer, mas para gerações inteiras de jovens LGBTQ+ que nem entendiam os próprios sentimentos a única referência de contato afetivo veio da pornografia. E na TV e no cinema só o que existia para as massas era estereotipação, deboche ou a mais pura e cruel discriminação. Em programas populares então...
Não mais: com Heartstopper, e outras produções semelhantes, talvez seja um indício de que a tela finalmente retratará com mais realismo a existência de relacionamentos saudáveis além do padrão.
Outro aspecto positivo da série é a existência de personagens essencialmente do bem. Professores acolhedores, pais decentes que não renegam os próprios filhos e um detalhe primoroso: Olivia Colman em um papel importante. Arrebate-se.
Apresentando, Nate é o típico filme alto astral de Sessão da Tarde - que tem título melhor em inglês que português: Better Nate Than Ever.
A comédia musical muito fofinha acompanha Nate quando ele foge escondido com a amiga Libby para Nova York tentando uma audição na Broadway - o sonho da vida dele.
O garoto de 13 anos se inspira na tia, Heidi, interpretada por ninguém menos que Lisa Kudrow. A Phoebe de Friends.
Muito divertido, o filme da Disney+ agradou aos críticos e usuários do Rotten Tomatoes. O título tem 80% de aprovação na média, o que significa tomates fresquinhos.
O interessante é que a produção não fica apenas no delírio juvenil de Nate atrás do sonho. Tem muito pé no chão a ler nas entrelinhas para quem quiser achar.
A história de Heidi é um choque de realidade e de vida adulta, evidenciando que às vezes é necessário pagar o aluguel. É um lembrete de que sucesso é relativo, talvez não chegue para todo mundo ou, ao menos não, no tempo e jeito planejados.
É também um contraste com a Disney que financiou políticos defensores do projeto 'Don't say gay' nos EUA, já que o estúdio inclui mensagens pró-diversidade nas produções.
Nesta, por exemplo, não apenas o protagonista não é construído em um pressuposto hétero, como há sinais nem tão sutis de um expectro afetivo mais amplo.
Uma fábula ‘coming of age’ contada com uma sensibilidade ímpar chegou ao streaming. As personagens que crescemos amando também crescem em Turma da Mônica: Lições.
A sequência repete o sucesso do primeiro filme, Laços, e leva a história a um novo patamar das relações. A ênfase segue na amizade, mas ganha novas camadas.
Veja logo, no Amazon Prime Video.
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