Deborah Colker abre temporada em SP

4x4 entra em cartaz hoje no Teatro Sérgio Cardoso, unindo dança clássica, moderna, movimentos de ginástica, acrobacia e artes plásticas

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Por Agencia Estado
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São 90 vasos de porcelana suspensos por fios de náilon e 12 bailarinos dançando embaixo e por entre eles. Quem vê a coreografia Vasos, do espetáculo 4 X 4, de Deborah Colker, que inicia hoje temporada de duas semanas no Teatro Sérgio Cardoso, não deixa de sentir uma certa ansiedade. A qualquer momento, uma das peças pode ser atingida por pernas e braços que se movem bruscamente em cena. A Cia. de Dança Deborah Colker ensaiou este quadro por um ano e nove meses, até que os movimentos, que exigem técnica, concentração e disciplina, ganhassem perfeição milimétrica. "Durante um ano, ensaiamos com garrafas de plástico", conta a coreógrafa, que criou o quadro com o cenógrafo Gringo Cardia. Os vasos são colocados no chão pelos próprios bailarinos, em posições marcadas. Em seguida, fios de náilon com ímãs nas pontas entram nos bocais dos vasos e se unem a outros ímãs que estão dentro das peças, o que possibilita que os objetos sejam erguidos. Enquanto isso acontece, duas bailarinas dançam na ponta dos pés, ao som de uma sonata de Mozart, executada no piano por Deborah Colker. Neste espetáculo, a coreógrafa quis unir a dança às artes plásticas. "Já tinha misturado dança com atividades cotidianas, mas nunca com outra forma de arte. Optei pela pintura e pelas instalações porque acho que elas têm linguagens precursoras de vanguarda", diz ela, que mistura novamente em cena passos clássicos e modernos, com movimentos de ginástica e acrobacia. Para a coreografia Povinho, Deborah chamou Victor Arruda - artista considerado maldito nos anos 80 por adotar a pornografia e o erotismo em seu trabalho. Ele criou dois grandes painéis de 12 metros de comprimento por 8 metros de largura, onde apresenta figuras que remetem aos orifícios do corpo. "Povinho trata da descoberta dos espaços corporais, eróticos ou não. Criamos em cima daqueles movimentos secretos, que não fazemos na frente dos outros, como cheirar as axilas e colocar o dedo no nariz, por exemplo", explica ela. Ao Grupo Chelpa Ferro, que mistura arte e música, Deborah encomendou um objeto que pudesse transmitir a idéia de tempo. Foi criada uma mesa de alumínio, com uma esteira rolante em seu tampo, que ocupa todo o palco. "Um casal dança num sentido, enquanto o outro dança em cima da esteira, que está indo para o lado contrário. Este contraponto faz de Mesa uma discussão sobre o tempo real e o imaginário". A única obra que já existia e foi utilizada em réplica foi a de Cildo Meireles. Deborah viu o trabalho Cantos, nome que deu também à sua coreografia, durante uma exposição no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Cada dançarino vai redescobrir a finalidade dos cantos da obra. Teatro Sérgio Cardoso - R. Rui Barbosa, 153, tel. 288-0136. De quarta a sábado, às 21h, e domingo, às 18h. R$ 30.

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