Debates instigam produção teatral

Série promovida pelo Ágora, a partir de hoje, vai reunir artistas e pensadores como forma de refletir sobre a dramaturgia e estimular a produção de novos textos

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Por Agencia Estado
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Os anos 90 não padeceram exatamente da falta de dramaturgos brasileiros: os dramaturgos, sim, sofreram com a falta de escoamento de seus textos e da reflexão sobre sua dramaturgia, em tempos ditados pela imagem mais do que pela palavra. Os ventos começaram a mudar a partir de eventos de fundamental importância em São Paulo, que recolocaram, em 1999, a dramaturgia na ordem do dia. Apenas o Ágora - Centro para Desenvolvimento Teatral, de Roberto Lage e Celso Frateschi, incentivou a produção e reflexão nesse campo em ciclos como o Odisséia do Teatro Brasileiro, o Ágora Livre e o Ágora Livre Dramaturgias (prêmio Shell Especial). Nasce agora um amplo projeto de reflexão e estímulo à produção, o Ágora Metrópolis 21, São Paulo: O Avesso do Avesso, que consta de debates, estímulo à produção de textos e montagens de textos selecionados. "Estamos propondo neste momento de transição mundial um aprofundamento de conteúdos dramatúrgicos", sugerem os curadores do projeto, o diretor Roberto Lage e o ator e diretor Celso Frateschi, fundadores do Ágora. Eles completam que a nova dramaturgia ainda ressoa como produto de uma criação "individualista e solitária". Portanto, essa antena de visões especulativas instalada sobre a metrópole quer captar o pensamento de profissionais, dramaturgos e pensadores, produzido nos cinco encontros, de hoje a 2 de dezembro, com entrada franca. Serão enfocados temas que vão das artes de gueto às artes globalizadas, passando pelo papel da democracia numa cidade como São Paulo à questão do sagrado em tempos mais do que profanos. Os encontros, coordenados por Aline Meyer, terão mediação de Pedro Brás. Em Ágora Metrópolis, os debates propõem instigar a produção de uma nova safra de textos. Sob coordenação de George Barcat, o segundo módulo do projeto, denominado Comitê de Leitura e Encenações, selecionará 12 textos teatrais para serem montados em 2003. Qualquer dramaturgo, iniciante ou não, poderá participar. As inscrições estão abertas e as peças, sem contenção de tema ou tamanho, devem ser enviadas - em disquete, com uma cópia impressa - ao Ágora. O projeto tem o benefício da Lei Municipal de Fomento ao Teatro 13.279/02. Programação dia 4 - Arte do gueto/arte globalizada. Convidados: Eugênio Bucci (jornalista), Tota (grafiteiro) e Celso Frateschi (ator e diretor) dia 11 - Existe um limite populacional em que a democracia deixa de ser possível? Convidados: Aziz Ab´Saber (geógrafo), Paulo Ignácio Roberto (Associação Comunitária Monte Azul) e João Miranda Neto (presidente da Unass - Heliópolis, União de Núcleo de Associação e Sociedade de Moradores) dia 18 - A diversidade das formas de vida e a separação física da população na metrópole propiciam a criação de linguagens diversas?Convidados: Beto Brant (cineasta) e Ferréz (escritor, autor de Capão Pecado) dia 25 - A cidade é o espelho do cidadão? O cidadão é o espelho da cidade? Convidados: Evaniza Rodrigues (coordenadora da União dos Movimentos de Moradia) e Raquel Rolnik (arquiteta urbanista) dia 2/12 - Existe hoje na metrópole espaço para o sagrado? Qual seria e se é profanado? Convidados: Marcos F. Guedes Costa (professor da Academia de Polícia), Teresa Caldeira (antropóloga) e Ugo Giorgetti (cineasta).

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