"De Volta para o Futuro" sai em DVD

Pacote reúne três títulos da série estrelada por Michael J. Fox, mais cinco horas de extras para fã nenhum botar defeito

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Por Agencia Estado
Atualização:

Havia gente formando fila para comprar o pacote de DVD com as três aventuras da série De Volta para o Futuro na porta da 2001, na terça-feira. "Acho que vai ser o nosso maior sucesso de vendas", informa um dos proprietários da rede de locadoras, Frederico Botelho. A série de Robert Zemeckis já havia saído como pacote em vídeo. Sai agora em DVD (três discos) com extras para fã nenhum botar defeito. São cinco horas de material adicional, contando tudo o que você queria saber sobre a saga de Martin McFly, o personagem que tornou Michael J. Fox famoso, quando o primeiro filme surgiu, em 1985. Em 1989 e 1990, surgiram o 2 e o 3, consolidando uma das tendências da década - as continuações de filmes de sucesso. O que terminou fazendo de De Volta para o Futuro um fenômeno é que TODOS os filmes da série são bons e há críticos capazes de arriscar a reputação garantindo que as seqüências são ainda melhores do que o original. Tudo começou quando o diretor Zemeckis teve a idéia de atualizar, para o público teen, a idéia de um dos clássicos da literatura futurista - A Máquina do Tempo, de H.G. Wells. O livro havia sido filmado por George Pal nos anos 1960. Houve outra versão, no ano passado, com Guy Pearce, ruim de doer. Zemeckis, sempre atraído pelos desafios técnicos - misturou live action e animação com excelente resultado em Uma Cilada para Roger Rabbit, levou adiante a idéia de Zelig, de Woody Allen, em Forrest Gump, o Contador de Histórias -, achou que valeria adaptar o conceito de H.G. Wells para as platéias juvenis. Foi assim que surgiu a história de McFly, o adolescente que viaja no flamante De Lorean, transformado em máquina do tempo pelo cientista maluco Dr. Brown (Christopher Lloyd). McFly é um típico garoto dos anos 1980 catapultado aos anos 50 para descobrir que, se não aproximar seu futuros pais, ele não nascerá. Cria-se, assim, uma inusitada luta pela sobrevivência do jovem herói, complicada pelo fato de que sua mãe, interpretada por Lea Thompson, começa a achar muito interessante e sedutor esse garoto que tem um comportamento diferente (e mais ousado) do que aqueles com quem convive na escola, incluindo o tímido e inseguro que será o pai de McFly. De forma consciente, Zemeckis incorpora uma discussão sobre o complexo de Édipo em seu trabalho. Pode não estar ao alcance de todos os espectadores que vêem De Volta para o Futuro, mas está lá e contribui bastante para o enriquecimento da aventura. No segundo filme da série, o diretor radicaliza a disposição humana de dominar o tempo. McFly regressa a 1955 e depois viaja para 2015. Este ano de 1955 não foi nenhuma casualidade. Foi quando James Dean morreu e Elvis Presley estourou, sendo ambos representações da juventude transviada que Nicholas Ray soube colocar com tanta intensidade e poesia na tela. E no terceiro filme, McFly recua ainda mais no tempo para chegar ao Velho Oeste americano, sempre preocupado em garantir o futuro desenvolvimento de sua família e até a melhoria de sua condição social. É o que faz o fascínio e também o limite da série toda. Um crítico disse, certa vez, que a maior contribuição de Hollywood para a história contemporânea foi (ou tem sido) a sua capacidade de reescrever a própria história. Zemeckis usa o personagem de McFly com esse propósito, mas também é verdade o que escreveram certos críticos de esquerda, ao afirmar que o herói é uma espécie de Rambo teen, que viaja no tempo para realizar os sonhos de grandeza da América de Ronald Reagan. Nesse sentido, o entusiasmo arrefece sensivelmente e De Volta para o Futuro passa a merecer reservas. De Volta para o Futuro (Back to the Future). EUA, 1985 1989, 1990. Direção de Robert Zemeckis. Pacote com 3 DVDs da Universal. R$ 84,90.

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