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"De Profundis" volta em nova montagem

Texto de Oscar Wilde ganha três planos na versão do diretor Rodolfo García Vázquez. Dentro da cela, a prisão da alma. Fora dela, a prisão do espírito e, mais acima, a prisão da beleza

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma cela cujas paredes são feitas de tecido semitransparente. Ali dentro o público vai se acomodar em De Profundis, a nova montagem da Companhia de Teatro Os Satyros, que mescla vida e obra de Oscar Wilde e estréia nesta sexta-feira, na sede do grupo. A dramaturgia de Ivam Cabral tem como base uma longa carta escrita por Wilde na prisão a Alfred Douglas, seu ex-amante. Mas o público conhecerá também contos como O Pescador e Sua Alma e trechos do romance O Retrato de Dorian Gray. O diretor Rodolfo García Vázquez dividiu a cena em três planos. Dentro da cela, a prisão da alma. Fora dela, num primeiro plano, a prisão do espírito e, mais acima, a prisão da beleza. "Wilde era um grande sedutor, que encantava pela retórica e amava a beleza. Um homem exuberante de corpo e espírito, que se vestia de forma extravagante e comportava-se igualmente fora dos padrões de sua época. Tanto que se tornou uma celebridade - chegando a fazer palestras nos Estados Unidos - antes mesmo da publicação de seu primeiro romance, O Retrato de Dorian Gray", comenta Cabral. "Mas seu comportamento pessoal muitas vezes acaba ficando mais importante que sua obra. E é o valor dela que a gente gostaria de resgatar nesse espetáculo." Para um homem refinado e espirituoso como Wilde, a miséria e a solidão da prisão, onde só tinha acesso a uma folha de papel por dia para escrever, representavam um sofrimento muito grande. "O que o salvava era a imaginação", argumenta Vázquez. E é sobre esse contraste, entre a aridez da prisão e a exuberância da imaginação de Wilde que o diretor realiza sua concepção para De Profundis. A minuciosa iluminação - e o grupo é reconhecidamente talentoso na utilização desse recurso cênico - contribui para a percepção das três prisões superpostas. Em sua dramaturgia, Cabral tomou ainda a liberdade de "inventar" um encontro entre Douglas e Wilde, na prisão, que nunca ocorreu. "Tudo se passa como se fosse um sonho dele." A montagem conta com nove atores, entre eles Cabral, e a participação especial de Dulce Muniz. Serviço - De Profundis. De Ivam Cabral. Direção Rodolfo García Vázquez. Duração: 70 minutos. De quinta a sábado, às 21 horas; domingo, às 20 horas. R$ 5,00 (único, quinta)e R$ 15,00. Espaço dos Satyros. Praça Franklin Roosevelt, 214, centro de São Paulo, tel. 3258 6345. Até 28/7

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