
23 de dezembro de 2010 | 00h00
Sempre houve árvore de Natal na nossa casa, desde os pinheirinhos da época dos móveis escandinavos, que era como minha mãe chamava os caixotes de bacalhau norueguês trazidos do mercado e transformados em mesas e estantes. Quando a situação melhorou o pinheirinho cresceu. Eventualmente, acometidos de consciência ecológica, trocamos o pinheiro de verdade por um sintético, que é o que está na sala agora, todo decorado, com uma humilde estrela na ponta onde, no Natal de 2006, tremulava uma fotografia do Gabiru, autor do gol que deu o campeonato do mundo ao Internacional naquele ano, suspiro e reticências. Minha mãe era religiosa mas o nosso Natal nunca foi religioso. Às vezes há mais amigos judeus do que cristãos no jantar da véspera, em nossa casa. E aqui entra a ilação, já que se está discutindo tanto crença e descrença em Deus. O Natal nos fornece símbolos de muito mais coisas, e coisas mais importantes, do que questões de fé. Estamos juntos, nos gostamos muito, isso é o que celebramos todos os anos. E nada mais distante de especulações teológicas do que a Lucinda rondando a árvore, tentando adivinhar quais dos presentes são seus.
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