Dança israelense ocupa o Municipal

O grupo israelense Batsheva Dance Company vem apresentar a coreografia Deca Dance, um balanço dos dez anos de direção de Ohad Naharin

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Por Agencia Estado
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Chega nesta terça-feira ao palco do Teatro Municipal o grupo israelense Batsheva Dance Company. Vem apresentar a coreografia Deca Dance, um balanço dos dez anos de Ohad Naharin na direção. A coreografia é uma coletânea com trechos de sete trabalhos: Black Milk, Pasomezzo, Queens of Golub, Anaphase, Sabotage Baby, Zachacha e Moshe. De acordo com Naharin, essas peças representam momentos importantes da companhia, cujo trabalho não possui uma linha cronológica definida. "São trabalhos emblemáticos para o Batsheva, nos quais são abordados muitos temas, mas o foco está na condição humana", comenta o diretor. A coreografia mescla momentos de tensão com o humor. Deca Dance é uma obra aberta. O público deve fazer conexões. "Esse é um programa especial, nele busco apresentar um pouco da minha experiência, sem impor minhas idéias aos espectadores. Deixo livre para que as pessoas possam interpretar", explica. De acordo com o criador a coreografia possui um tema simples e ao mesmo tempo profundo. Naharin entende que a dança deve, sempre, comunicar algo: levar ao questionamento ou à troca de informações. "Não concebo um espetáculo que não esteja conectado com as questões de seu tempo", afirma. Suas criações carregam a dureza da realidade do Oriente Médio. Com um discurso pacifista, Naharin condena a atual crise mundial e a guerra no Afeganistão. Filho de artistas que participaram da formação do Estado de Israel, suas obras são marcadas pela violência e uma séria pesquisa de movimentos. "Preocupo-me em pesquisar gestos, desenvolver um vocabulário específico. Há 20 anos estudo com o propósito de criar uma linguagem própria de movimentos sofisticados, que permitam expandir os limites da dança", explica. É comum nas peças de Naharin o diálogo com outras expressões artísticas, como a música, o cinema e as artes visuais. Essa troca também ocorre entre bailarinos e coreógrafo. "Sou um diretor de sorte, por trabalhar com artistas de uma companhia como a Batsheva", diz. Os integrantes contribuem com sugestões e idéias. "Sempre deixo a criatividade fluir, tanto a minha como a de todos aqueles que estão envolvidos com o trabalho. A cada vez que começo um novo espetáculo dedico todo o meu tempo e atenção a ele." Uma dedicação que projetou a Batsheva Dance Company no cenário internacional. Naharin também foi o responsável por incluir coreografias de Jiri Kylián e William Forsythe no repertório do grupo. Ao assumir a direção, o coreógrafo deu início a uma nova fase da companhia. A Batsheva foi fundada em 1964 pela baronesa de Rothschild. Muito jovem, ela foi estudar em Nova York, onde conheceu a dança moderna de Martha Graham. Apaixonou-se. Ao voltar à sua terra natal, fundou a companhia em conjunto com a coreógrafa americana e John Cranko. Em 1973, desligou-se do grupo e passou a apoiar o Bat-Dor. A Batsheva passou a ser mantida pelo Ministério da Cultura de Israel e o seu repertório, até a entrada de Naharin, estava ligado ao trabalho de Martha Graham. A partir dos anos 90 quando Naharin assumiu a companhia, foi adotada uma linha contemporânea. Serviço - Batsheva Dance Company. Terça e quarta, às 21 horas. De R$ 20,00 a R$ 120,00. Teatro Municipal. Praça Ramos de Azevedo, s/n.º, tel. 222-8698. Patrocínio: Nokia e Ministério da Cultura

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