Dalai Lama premia Tim-Tim na Bélgica

O célebre repórter das histórias em quadrinhos recebeu, em Bruxelas, prêmio por ter mostrado a muitas pessoas a cultura e as paisagens inspiradoras do Tibet

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Por Agencia Estado
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Tim-Tim, o repórter mais célebre das histórias em quadrinhos - e dos desenhos animados -, recebeu, nesta quinta-feira, em Bruxelas, do Dalai Lama, o prêmio Luz da Verdade por ter mostrado a muitas pessoas a cultura e as paisagens inspiradoras do Tibet, graças às viagens que seu criador, o belga Hergé (o pseudônimo de Georges Remi), fez pela região. Em Tim-Tim no Tibet (1959), Hergé levou Tim-Tim para uma viagem ao Tibet, junto com o capitão Haddock e seu cachorro Milú, em busca de um velho amigo chinês, Chang - no álbum O Lótus Azul (1936), ele sofreu um acidente de avião no Himalaia. A história é uma busca cheia de aventuras e encontros estranhos com, entre outros, monges tibetanos e com Yéti, criatura que supostamente (diz a lenda) vive na região do Himalaia. "Graças a Tim-Tim, muita gente que não tinha idéia do que existia no Tibet, chegou a conhecê-lo", disse o Dalai Lama, depois de entregar o prêmio Luz da Verdade à Fundação Hergé, que conserva a herença de Georges Remi, o Hergé. "Tim-Tim foi muito útil", disse o líder espiritual e político Dalai Lama, líder espiritual e político do Tibet, recordou a situação nada fácil vivida por este território, anexado pela China. "A ajuda de Tim-Tim foi muito útil". A fundadora e presidente da Fundação Hergé, Fanny Rodwell, agradeceu ao Dalai Lama pelo reconhecimento simbólico e disse que Hergé nunca havia pensado que sua história teria tal transcendência. Tensing Gyatso, o 14.º Dalai Lama e Prêmio Nobel da Paz em 1989, agradeceu a Fundação Hergé por ter tomado, em 2001, uma posição muito clara contra a editora Publishing House, que, na versão chinesa da história em quadrinhos que narra a viagem de Tim-Tim ao Tibet, publicou o livro com o título de Tim-Tim no Tibet Chinês. A Fundação Hergé obrigou a editora a conservar o nome original. O personagem Tim-Tim, criado por Hergé há 77 anos, teve mais de 120 milhões de álbuns vendidos, traduzidos para aproximadamente 50 idiomas e virou desenho animado. Em 2004, para comemorar os 75 anos de vida do repórter, a Bélgica criou uma moedinha de 10 centavos de euro com a cara de Tim-Tim e Milú. Vaclav Havel e Richard Gere, outros premiados Além da Fundação Hergé, o arcebispo emérito da Cidade do Cabo e Prêmio Nobel da Paz em 1984, o sul-africano Desmond Tutu, também foi premiado nesta quinta no teatro do Concerto Nobre de Bruxelas com o prêmio Luz da Verdade, em reconhecimento a sua luta pelos direitos dos oprimidos. Tutu, de 74 anos, recebeu o prêmio "em nome dos verdadeiros heróis: as milhões de pessoas que muitas vezes nem são mencionadas". O arcebispo, velho amigo de Dalai Lama, pediu aos líderes chineses que convertam o país em um "poder mundial moral" ao proporcionar "a paz em todo mundo e especialmente no Tibet, como fizeram no passado durante o apartheid na África do Sul". A entrega do prêmio, uma lâmpada tradicional tibetana, ficou a cargo da organização humanitária Campanha Internacional para o Tibet, que entrega, todos os anos, prêmios à pessoas ou à instituições que trabalham a favor desse território. Entre os vencedores das edições anteriores destacam-se o ex-presidente checo Vaclav Havel, o ator norte-americano Richard Gere e o aventureiro austríaco Heinrich Harrer, mestre de Dalai Lama durante anos e que posteriormente ficou famoso por seu livro Sete anos no Tibet. O livro ganhou versão cinematográfica em 1997, dirigida por Jean-Jacques Annaud e estrelada por Brad Pitt.

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