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Cyclopes põem fotografia a serviço da provocação

Doze trabalhos da dupla francesa serão expostos em São Paulo, no Mercado Mundo Mix. E amanhã, Damien Beneteau faz um workshop na Fnac

Por Agencia Estado
Atualização:

O "belo bizarro", escreveu o Libération. "Ser e parecer", assinalou L´Express. "O flerte da moda com o surrealismo continua", ponderou o Sunday Times. As fotografias da misteriosa dupla francesa Les Cyclopes - na Internet, não há referências ao seu trabalho, apesar das credenciais que apresentam - são polêmicas. "Nós nos conhecemos em Toulouse, no sul da França, em uma escola de fotografia, em 1992", contou Damien Beneteau, uma das metades dos Cyclopes (a outra é seu parceiro Xavier Cariou), em entrevista à reportagem por e-mail, na semana passada. "Depois de seguir em direções diferentes, começamos a trabalhar juntos em 1997." Beneteau faz um workshop de fotografia amanhã, na Fnac. As 12 fotos da dupla estarão depois em mostra no Mercado Mundo Mix. O fotógrafo cita Guy Debord para definir a atração mórbida da sociedade pelo espetáculo. "O espetáculo é o sonho ruim da sociedade moderna acorrentada, o qual não exprime mais do que seu desejo de dormir; o espetáculo é o guardião do sono." Posso ver alguma ligação entre sua fotografia e a arte de Helmut Newton, uma fascinação pela decadência e muito criticismo em relação ao sistema da moda. Tenho razão? Damien Beneteau - Nós consideramos o trabalho somente provocativo. Não apenas tem o intuito de criticar o mundo da moda - não fazemos as imagens unicamente para moda, mas para o mundo todo. Não temos essa pretensão de nos portarmos como juízes, mas como fotógrafos que tentam fazer reagir o espectador. Além disso, fazemos imagens simples, diretas, que possam causar reações imediatas. Nossas imagens não são violentas, mas tocam diretamente o espectador no domínio que o concerne. Nós preferimos interrogar aquele que observa. A leitura é menos direta. O cinema é uma influência para vocês? É uma influência menos direta do que a pintura e a fotografia. O cinema nos influencia no modo de pensar, na organização de uma história, na cronologia. Nos reportamos ao cinema numa lógica de montagem. Em geral, fazemos uma só imagem e nela nós integramos os elementos necessários. Vocês utilizam os problemas físicos como elemento estético. Há uma ligação com a body art dos americanos. Qual é a intenção? A body art dos anos 60 consistia mais em reconsiderar o lugar dos corpos na sociedade. Manifestava-se geralmente por meio de performances violentas, chocantes. Nós queremos trabalhar os corpos num conceito de mutação. Por meio de pernas-mãos, queremos considerar a pessoa como uma matéria, um acessório que vamos remodelar, transformar em um objeto estético. Em nossa sociedade, o corpo não é um objeto intocável. Hoje, com os progressos técnicos, a cirurgia plástica, isso mudou a relação das pessoas com os corpos. Workshop de Damien Beneteau. Amanhã, às 20 horas. 50 vagas. Grátis. Fnac. Avenida Pedroso de Morais, 858, tel. (11) 3097-0022. Reservas com antecedência.

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