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Curador suíço define tema de Veneza

A 49.ª Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza, a primeira do novo milênio será uma "platéia da humanidade", segundo definição do seu curador, o suíço Harald Szeemann, conduzido pela segunda vez à direção da mostra

Por Agencia Estado
Atualização:

A 49.ª Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza, a primeira do novo milênio, será inaugurada oficialmente no dia 9 de junho, no Pavilhão Nacional da Itália, nos famosos Giardini di Castello e na Arsenale. A exposição ocupará cerca de 12 mil metros quadrados de área expositiva na área (uma ponta da ilhota entre a Piazza de San Marco e o Lido). Será uma "platéia da humanidade", segundo definição do seu curador, o suíço Harald Szeemann, conduzido pela segunda vez à direção da mostra. "Platéia da Humanidade" não quer ser um tema, mas uma afirmação de responsabilidade frente à história, aos eventos de nosso tempo e aquele mais profundo humanismo que almejamos", afirma Szeemann. Após um pequeno "reinado" do curador anterior, a chegada de Szeemann à Bienal de Veneza é saudada com entusiasmo por artistas e curadores. O suíço de 68 anos tem um saudável histórico de curador independente e é visto em mostras pelo mundo todo, das mais suntuosas às de menor visibilidade. Esteve, por exemplo, na 2.ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, recentemente. A Bienal de 2001, adianta Szeemann, deverá ter "todas as artes - arquitetura, dança, teatro, cinema - reunidas em um único grande coro da humanidade". No mês passado, o curador convidou o brasileiro Ernesto Neto para expor na Arsenale, como um destaque excepcional, fora da representação brasileira. Harald Szeemann é doutorado em pesquisa de História da Arte, Arqueologia e Jornalismo e dirigiu a Kunsthalle de Berna entre 1961 e 1969. Também dirigiu a Documenta 5, em Kassel, em 1972. Desde 1981 é curador autônomo permanente da Kunsthaus de Zurique e foi nomeado curador de Veneza para o quadriênio 1998-2002. Não gosta de ser definido como crítico, um termo "estúpido". Prefere ser visto como um mediador, entre o artista e o espectador. "Os meus projetos nascem de discussões longuíssimas, anos de trabalho", afirma. "Se fosse o tempo de Ludovico 2.º, eu faria castelos, mas vivemos em uma democracia e portanto faço mostras", diz. Um tanto anárquico, é às vezes acusado pela crítica de ser manipulador. "Quem faz mostra é um maestro: esse é um fato inevitável e é estúpido não aceitá-lo", pondera. "É inútil esconder-se dentro de uma falsa objetividade". Szeemann diz que parte sempre do espaço para definir suas mostras, o "veículo poético" em que convivem arte, história, memória, ciência, mito e utopia", na impossibilidade de definir o que é e o que não é arte, coisa que "ninguém sabe realmente o que é". O curador é integrante de importantes organismos culturais da Europa, como o College de Pataphysique, a Academia de Artes de Berlim, a Academia Européia de Artes e Ciência de Salzsburgo. Entre as mostras que organizou como curador independente estão as seguintes: Francis Picabia (1962, Berna); Giorgio Morandi (1965, na Bienal de Veneza); Roy Lichtenstein (1968, Amsterdã, Londres, Berna e Hannover); Cy Twombly (1987, Zurique, Madri, Londres, Dusseldorf e Paris); Richard Serra e Baselitz (1990, Zurique); e Joseph Beuys (1993 a 1994, em Zurique, Madri e Paris).

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