Cultura já tem "bolsas de apostas" em SP

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Por Agencia Estado
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Domingo, vinda dos Estados Unidos, desembarca no Aeroporto Internacional de São Paulo a prefeita eleita, Marta Suplicy. Segundo colaboradores da nova prefeita, ela deve anunciar até o final da semana boa parte do seu secretariado, incluindo o novo secretário municipal de Cultura. Antes mesmo da decisão oficial, no entanto, já existe um número considerável de "secretariáveis" nas bocas de agentes, artistas e produtores culturais. Os que surgem com mais força na "bolsa de cotações" são a filósofa Marilena Chauí, ex-secretária de Cultura do governo Luiza Erundina; o veterano diretor de televisão Nilton Travesso; os atores Gianfrancesco Guarnieri e Sérgio Mamberti; e o diretor de teatro e também ator Marcos Caruso. "Nesse momento a gente se afasta para que possam fazer as escolhas", disse Sérgio Mamberti, que foi um dos idealizadores do programa da prefeita eleita para a área de cultura. "A escolha é dela, e deve ser alguém com quem ela tenha também grande afinidade", disse Mamberti. "É tentador, porque é uma tarefa gratificante", avaliou Nilton Travesso, que já foi por 12 dias secretário de Cultura do Município, quando o atual prefeito Celso Pitta foi afastado por decisão judicial. "Naqueles 12 dias que fiquei lá, deu para fazer muita coisa, como acelerar o processo de informatização das bibliotecas", afirmou Travesso, que tem contrato com a Rede Globo e disse que não recebeu convite de Marta Suplicy. Segundo Travesso, suas principais propostas, no caso de uma eventual gestão à frente da secretaria, seria "avançar na periferia, saindo um pouco do circuito Ibirapuera e Aclimação". Segundo ele, há também questões prioritárias, como o Teatro Municipal, que necessita urgente de uma política de desburocratização e aumento de receitas financeiras. A reportagem procurou Gianfrancesco Guarnieri duas vezes mas não obteve retorno das ligações. Em sua casa, informaram que ele anda muito ocupado com gravações de televisão atualmente. Marilena Chauí também não foi localizada. A nova gestão cultural do município deverá englobar pontos dos manifestos do movimento Arte Contra a Barbárie, que propõe a desvinculação da cultura do papel mercadológico que tem assumido nos últimos tempos. "E também contra a privatização dos espaços públicos", diz Mamberti. Política cultural - Para a diretora do Museu de Arte Moderna de São Paulo, Milu Vilella, a pessoa a ser escolhida deve entender de política cultural pública e não pode gerir a secretaria fazendo "só eventos", mas também educando por meio da cultura. "O evento cultural em si diverte, distrai, também é necessário, mas tem que ter uma visão de educar o olhar, o ouvido, os sentidos", ponderou. "Para agir numa cidade desse tamanho, tem que ter uma visão da educação cultural". O novo secretário de Cultura substituirá Rodolfo Konder, que está há 8 anos no cargo, e terá a incumbência de gerir um orçamento de cerca de R$ 100 milhões e uma lei de incentivo que destina cerca de R$ 40 milhões para o setor anualmente. Mas Konder não conseguiu sua meta de transformar o Teatro Municipal numa fundação de direito privado, à semelhança da Fundação Padre Anchieta. O Teatro Municipal custa R$ 1 milhão mensais à Prefeitura. "O problema maior é que tudo que o Municipal consegue arrecadar em renda vai para o tesouro, e não retorna para investimentos na própria programação", diz Nilton Travesso.

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