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Cultura Artística comemora centenário em 2012 com grande temporada

Aniversário terá apresentação de solistas como Lang Lang e Renée Fleming, livro e documentário

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Por João Luiz Sampaio
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Os pianistas Lang Lang e Evgueni Kissin, a soprano Renée Fleming e o Ensemble Intercontenporain de Pierre Boulez são algumas das atrações que a Sociedade de Cultura Artística trará ao Brasil no próximo ano, quando completa seu centenário. Serão, ao todo, 20 concertos, realizados na Sala São Paulo, enquanto o novo teatro não fica pronto, o que deve acontecer apenas em 2014."Montar uma programação de centenário é uma responsabilidade enorme", diz Gerald Peret, superintendente da Sociedade de Cultura Artística, onde trabalha há 32 anos, "quase um terço da nossa história", brinca. "E houve uma complicação a mais, que é o momento de crise na Europa. É comum que artistas e orquestras venham ao Brasil com uma ajuda de custo, subsídios, o que tem deixado de acontecer. Por conta disso, foi necessário nos cercar de seguranças para que os grupos anunciados pudessem mesmo vir, sem risco de cancelamentos no ano do centenário."A programação vinha sendo trabalhada há alguns anos - e é uma das melhores das últimas temporadas. A ênfase é no piano - em recitais solos e com orquestra - e nas vozes, com duas das mais destacadas intérpretes da atualidade: além de Fleming, a meio-soprano americana Joyce Di Donato fará dois recitais. "O piano é o instrumento de eleição do público brasileiro, e isso não é de hoje, faz parte da história de nossa música - e da própria Cultura Artística", diz Peret.A programação será aberta no fim de abril com a Orquestra Nacional da Rússia, regida por José Serebrier, e o pianista Nelson Freire como solista. No programa, Mozart, Glazunov, Rachmaninoff e Dvorak. Em seguida, em maio, apresenta-se a Orchestre National du Capitole de Toulouse, um dos principais conjuntos franceses, com o maestro Tugan Sokhiev, russo que está entre os mais badalados maestros da nova geração - eles vão interpretar um programa francês (Debussy, Ravel e Berlioz) e outro russo (Mussorgsky e Prokofiev). O primeiro recital solo será o do chinês Lang Lang, no fim de maio, com peças de Bach, Schubert e Chopin. O russo Evgueni Kissin, em seguida, toca Schubert, Beethoven, Brahms, Chopin. "O ano começa com o Nelson, depois teremos Lang Lang e Kissin. São artistas tão diferentes, acho justamente isso muito estimulante, poder ver de perto abordagens distintas", diz Peret.

 

Em julho, o Ensemble Intercontemporain, símbolo de excelência da dedicação à música contemporânea, volta ao Brasil depois de quase duas décadas. Seu criador, o maestro Pierre Boulez, não acompanha o grupo que, no entanto, traz a atriz Fanny Ardant para participar do espetáculo Cassandre, de Michael Jarrell. Na sequência, duas sinfônicas - a Orchestra della Svizzera Italiana (obras de Honneger, Chopin e Schubert, regência de Alexander Vedernikov e solos de Dang Thai Son) e a Orchestra del Maggio Musicale Fiorentino (obras de Bruckner, Verdi, Ravel e Beethoven e regência de Zubin Mehta). Três recitais encerram o ano. Joyce Di Donato canta Haendel, Mozart, Rossini e Reynaldo Hahn com o pianista David Zobel; a violoncelista Sol Gabetta toca Schumann, Beethoven e Shostakovich com a pianista Mihaela Ursuleasa; e a soprano Renée Fleming interpreta canções e árias de Brad Mehldau, Strauss, Korngold, Puccini e Leoncavallo (o pianista ainda não está definido). Destruído por um incêndio em 2008, o Teatro Cultura Artística não ficará pronto para o ano do centenário. A primeira fase das obras, a restauração do painel de Di Cavalcanti, acaba de ser terminada e logo ele estará aberto para visitação. "Em 2012, começaremos a construir a nova estrutura do teatro, que está orçada em R$ 30 milhões. Já temos o dinheiro, em caixa ou prometido, e dependemos apenas da ajuda do poder público para acelerar alguns processos, uma vez que o projeto é tombado pelo patrimônio histórico", explica Peret.

A memória da Sociedade de Cultura Artística também será tema de um livro e de um documentário, que deverá ser feito pela TV Cultura. "E vamos continuar com a série de concertos didáticos no interior de São Paulo, em parceria com a Fundação Desenvolvimento da Educação, e com a programação de música de câmara no Itaim."Para Peret, a trajetória da Cultura Artística se mistura à história da vida cultural da cidade e do País. "Não há comparação. O mercado mudou muito nos últimos 30 anos. A Sociedade de Cultura Artística se profissionalizou nesse período, já goza de uma representatividade diferente lá fora e depende cada vez menos de agentes e terceiros. Por outro lado, projetos como a Osesp ajudaram a consolidar a vida musical de São Paulo e, com isso, a competição aumentou, levando a um desafio de superação que é fundamental. A grande questão, porém, continua ser atrair um público cada vez maior em um país no qual a educação continua a ser um problema delicado. Alguns de nossos projetos surgiram com esse objetivo, mas ainda há muito o que fazer."

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