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Cuba rompe diálogo com artistas e os acusa de envolvimento com os EUA

Movimento San Isidro organizou uma greve de fome que atraiu a atenção internacional e foi dispersada à força

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Por Redação
Atualização:

HAVANA — O governo de Cuba interrompeu nesta sexta-feira, 4, o diálogo com os artistas críticos que protestaram há uma semana para exigirem liberdade de expressão, e os acusou de tentarem impor condições para uma segunda reunião e de incluírem "mercenários" supostamente financiados pelos Estados Unidos.

O Ministério da Cultura anunciou que o chefe da pasta, Alpidio Alonso, "não se reunirá com pessoas que tenham contato direto e recebam financiamento, apoio logístico e apoio de propaganda do governo dos Estados Unidos e dos seus funcionários" ou "com meios de comunicação social financiados por agências federais dos EUA".

Patrulha policial no bairro onde vive a poeta e ativista Katherine Bisquet, membro do Movimento San Isidro Foto: EFE/Yander Zamora

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As maioria das pessoas às quais ele se refere são membros do Movimento San Isidro, o grupo opositor que organizou uma greve de fome que atraiu a atenção internacional e foi dispersada à força, e que o governo acusa de receber financiamento dos Estados Unidos.

O governo também acusou o grupo de 30 representantes dos vários ramos da cultura cubana de ter enviado à instituição "um e-mail insolente" na qual "o grupo, que se constituiu como a voz de todos, pretende impor, unilateralmente, quem, com quem e com que finalidade aceitará o diálogo".

No e-mail, os artistas apresentam a lista dos seus 30 representantes para o diálogo previamente acordado com as autoridades e assinalam que "a participação destes representantes na reunião não pode ser negociada", além de exigirem "a presença de imprensa independente para gravar e cobrir a reunião".

Eles denunciam também que, desde que selaram um pré-acordo de diálogo com o Ministério da Cultura, há uma semana, vários artistas têm sido vítimas de "assédio e criminalização", motivos pelos quais pedem "garantias de segurança e proteção" e a presença do presidente, Miguel Díaz-Canel, e de representantes dos ministérios do Interior e da Justiça.

Na sexta-feira passada, mais de 300 artistas organizaram um protesto em frente ao Ministério da Cultura em Havana para exigir liberdade de expressão e o fim do assédio policial, algo sem precedentes em Cuba.

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Trinta deles foram recebidos pelo vice-ministro, Fernando Rojas, com quem concordaram em estabelecer um diálogo e em realizar uma segunda reunião no final desta semana. De acordo com os artistas, o vice-ministro também prometeu uma "trégua" na perseguição policial dos artistas dissidentes.

No entanto, nos últimos dias, ambos os lados expressaram diferenças. Embora o governo tenha acusado repetidamente artistas dissidentes de serem "mercenários" financiados pelos EUA, os artistas têm relatado que continuam a ser vítimas de detenções, prisões domiciliares e pressões policiais.

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