10 de junho de 2013 | 02h06
Esse é o mote de Hanói, romance que Adriana Lisboa lança hoje, às 18h30, na Livraria da Vila, em São Paulo - haverá um bate-papo com o escritor Luiz Ruffato -, e na quinta, no Rio.
Hanói dura exatamente esse tempo entre a tomada de consciência de um fim iminente e o fim. É David - americano filho de um brasileiro imigrante ilegal e de uma mexicana, que adoraria ter sido um trompetista mas que acabou levando uma vida normal, com um emprego normal e poucos amigos - o protagonista desta história sobre deslocamentos. Uma história com tudo para ser triste, mas que ganhou leveza na narrativa de Adriana Lisboa, que lembra, já nas primeiras páginas, o comportamento dos elefantes: quando sentem que chegou a hora de morrer, eles se isolam da manada.
É mais ou menos como David faz, com a diferença de que o rapaz, órfão de pai e mãe, não tem muito o que deixar para trás. Mesmo assim, ele tem o plano de se neutralizar. "Um plano em que ele fosse se afastando do centro, apagando as letras do seu nome, esfriando a temperatura corporal, respirando mais devagar, falando cada vez mais baixo, até que não estivesse mais ali e as pessoas nem mesmo notassem que em algum momento tinha estado", escreve Adriana.
Mas existe sempre algo de imponderável na vida, e a certeza de que o caminho escolhido para viver a própria morte pode não ser assim tão certa.
Já sabedor de seu diagnóstico, David resolveu entrar pela primeira vez numa lojinha vietnamita perto de sua casa, em Chicago. Não é dele puxar conversa com estranhos, mas interage com Alex, a garota do caixa. Como David, ela também é americana, e como muitos americanos, filha de refugiados. Sua mãe é filha de uma mulher vietnamita que se envolveu com um soldado americano. É para Alex que David pergunta para onde ela iria se pudesse fazer uma longa viagem. "Hanói", ela responde - e é para lá que ele decide ir.
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