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'Critico muito a polícia. Mas elogio também'

Onipresente na TV durante os conflitos no Rio, ele ganhou até campanha no Twitter

Por Patrícia Villalba/ RIO
Atualização:

O ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio (Bope) Rodrigo Pimentel já se cansou de dizer que não é exatamente "o Capitão Nascimento da vida real", como costuma ser chamado, em referência ao personagem de Wagner Moura em Tropa de Elite. Ele "apenas" escreveu Elite da Tropa (2006), com o colega André Batista e o antropólogo Luiz Eduardo Soares, livro que originou o filme, onde contava, sob a ótica de um policial fictício, os bastidores das ações do grupo de agentes altamente treinados que hoje, depois dos filmes de José Padilha, são verdadeiro ícone pop.

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Figura conhecida há tempos no Rio, como consultor de segurança e comentarista do jornal local RJTV, da Globo, desde o ano passado, ele ganhou projeção nacional ao narrar a ação das tropas de segurança que invadiram o Complexo do Alemão, no último fim de semana, e desarticularam o bunker dos chefes do tráfico local. Depois de horas a fio confinado no estúdio, ganhou dos internautas uma campanha nos moldes da que foi feita para Caio Ribeiro na época da Copa – "libertem o Pimentel", pediram, em tom de piada. Numa das raras vezes em que saiu do estúdio, ele conversou com o Estado:

O tom dos seus comentários na Globo é bastante equilibrado. Por ser ex-policial, você se sente menos à vontade para criticar a polícia?

De jeito nenhum, eu critico o tempo todo. Hoje (terça), falei da ação dos maus policiais que quebraram as casas de moradores no Alemão, por exemplo. Critico muito, e elogio muito também. Meu elogio à operação do domingo foi emocionado porque acho mesmo que foi um sucesso. Marginais fugiram? Sim, mas centenas de armas e toneladas de drogas foram apreendidas.

Qual o momento de maior tensão nos últimos dias?

Foi às 7h de domingo, quando as tropas se posicionavam para invadir o morro. Meu irmão, que é policial, estava ali e tenho vários amigos na equipe. Como todos os policiais, eu apostava num banho de sangue. Hoje, tenho outra teoria, de que a ampla divulgação das imagens da operação serviu como um efeito de dissuasão. Imagina o bandido vendo pela TV o comboio do Bope com 19 blindados chegando na comunidade... Tudo isso teve um impacto muito grande. Garantiu que não havia outra opção, a polícia ia entrar.

A TV ajudou então?

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Sim. Nunca antes as autoridades policiais se manifestaram com tanta clareza na TV. A cobertura também uniu o povo do Rio em torno da vontade comum de livrar a cidade do tráfico. Você acha que a Dilma (Rousseff), o (Nelson) Jobim e demais autoridades não viram as imagens daquela procissão de bandidos fugindo da Vila Cruzeiro que o Globocop filmou? Aquelas imagens sensibilizaram o povo, e não tinha mais como recuar. A polícia foi reapresentada ao povo do Rio.

Antes mesmo da operação o Bope já tinha uma imagem bacana entre a população. Você acha que o Tropa de Elite, que apresentava uma polícia mais enérgica, tem algo a ver com isso?

O Tropa apresentava uma policia mais firme, mas mais honesta. As pessoas já amavam o Bope, agora isso foi transportado para toda a polícia.

O que achou da campanha que lançaram para você no Twitter?

Achei engraçadíssimo. Cheguei a ficar 18 horas na emissora, no sábado e no domingo. Tive a oportunidade de ir para casa, mas quis ficar na emissora. Queria explicar a importância do acontecimento, que não foi apenas mais uma operação – o bunker da maior organização criminosa do Rio foi tomado.

Como cidadão comum, você tem medo de andar no Rio?

Não tenho medo de andar na rua, absolutamente. Com a instalação das UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora), os índices de criminalidade têm caído. Sou muito otimista com o que a gente tem vivido no Rio nos últimos tempos.

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