23 de abril de 2011 | 00h00
OSESP, NESCHLING E TORTELIER
BEETHOVEN
BISCOITO FINO
Preço: R$ 34,50
Com Beethoven, o melhor ficou para o final
Por que, em meio a tantas versões disponíveis, uma orquestra se aventuraria a gravar uma vez mais as nove sinfonias de Beethoven? No caso da Sinfônica do Estado de São Paulo, as peças, registradas ao longo de cerca de oito anos, servem como testemunho de uma década de reinvenção do conjunto, depois da reformulação proposta e executada pelo maestro John Neschling. Do ciclo, estava faltando apenas a Sinfonia n.º 3, que sai agora, em edição nacional. A Eroica, como é conhecida a peça, não é apenas uma das mais ousadas criações de Beethoven, marco de sua reinvenção estilística comparável somente, no campo sinfônico, à célebre Nona. No contexto da integral da Osesp, é também a mais bem realizada. Não se trata apenas da sonoridade coesa, mas também da atenção às dinâmicas, em um todo contrastante e rico em expressividade. Curioso que, de março de 2009 e, portanto, já pertencente ao período de desgaste na relação entre Osesp e Neschling, a gravação também seja, no entanto, um lembrete do que, nos melhores dias, músicos e maestro sabiam produzir. Completa o álbum a abertura Rei Estevão, com regência de Tortelier. / JOÃO LUIZ SAMPAIO
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BEETHOVEN: SINFONIA Nº 3
Artista: Claudio Abbado e Filarmônica de Berlim Álbum: Beethoven: Eroica
Gravadora: DG/Universal Preço: R$ 60
FOLK
MUMFORD & SONS
SIGH NO MORE
Glassnote/Universal
Preço: R$ 25,90
Sofisticado som do
folk-rock britânico
supera atraso
A capa traz quatro rapazes dentro de uma vitrine com parte de seus respectivos instrumentos, que incluem acordeon, banjo, dobro, guitarra, bandolim e contrabaixo acústico. Ted Dwane, Ben Lovett, Country Winston e Marcus Mumford são ingleses do oeste de Londres, expoentes da nova cena folk-rock local ao lado de Laura Marling, com quem eles colaboram, mas têm forte influência dos americanos Crosby, Stills, Nash & Young, além de lembrar Pogues e Waterboys. As canções de seu álbum de estreia - como Little Lion Man, Sigh no More, White Blank Page e tantas outras - são de uma beleza ímpar, entre melancólicas e vigorosas e sofisticadas nos arranjos. Com reforço de outros instrumentos, trazem certa influência libertária do Leste Europeu moderno e do folk ancestral do Reino Unido. Às vezes soa anacrônico, mas tem a vitalidade de um clássico contemporâneo. Por isso não perde a validade, apesar de o disco chegar com um ano e meio de atraso ao Brasil. / LAURO LISBOA GARCIA
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ALPHA SHALLOWS
Artista: Laura Marling Álbum: I Speak Because I Can
Gravadora: Astralwerks
Preço: desde US$ 6,05 (amazon.com)
CAIPIRA
MILIONÁRIO & JOSÉ RICO
NOSSA HISTÓRIA
Som Livre
Preço: R$ 28
Reis soberanos de uma outra música sertaneja
Em algum lugar antes do sertanejo romântico urbano de Zezé di Camargo & Luciano e depois do sertanejo romântico do sertão de Pena Branca & Xavantinho, existiu o sertanejo romântico da estrada, a música que os caminhoneiros levavam de cidade em cidade nos rádios de suas boleias. E esse reino, por 40 anos, pertenceu a Milionário & José Rico por um motivo justo: foram eles os inventores de um estilo que seria largamente copiado até mesmo pela rainha do gênero, Roberta Miranda. Suas músicas trouxeram harpas, "trompetes mexicanos" e sanfonas numa época em que a viola falava mais alto mesmo nas gravações mais modernas. Os discos de agora, com 14 músicas cada, mostram a evolução de um ramo esquecido até por pesquisadores. Tudo o que os "gargantas de ouro" gravaram de melhor está lá: A Carta, Sonho de Um Caminhoneiro, Pombinha Mensageira, Meu Primeiro Amor, Mentira Também É Verdade e, natural e esperada, o clássico dos clássicos, Estrada da Vida. / JULIO MARIA
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VELHA MORADA
Artista: Pena Branca & Xavantinho
Álbum: Pena Branca & Xavantinho (1980) Preço: R$ 22
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