Cristiana Oliveira quer fazer teatro

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Por Agencia Estado
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Cristiana Oliveira pisou poucas vezes no palco. Em 11 anos de carreira, desde que estreou na extinta TV Manchete com Kananga do Japão, a atriz traz apenas duas peças no currículo. Em 1993, atuou em Bate Outra Vez e Tróia ? abandonando o elenco desta última antes do previsto para atender a um chamado da Globo e participar da minissérie Memorial de Maria Moura. Sua limitada experiência, no entanto, não a impediu de aliar-se ao diretor Eduardo Wotzik, com quem desenvolve atualmente o projeto do Centro de Investigação Teatral (CIT). ?Eu não tenho uma relação ativa com o teatro, mas quero me aprofundar na pesquisa sobre linguagens e técnicas cênicas??, diz a atriz de 37 anos, que grava atualmente sua participação na primeira fase da próxima novela das oito da Rede Globo, Porto dos Milagres. Eulália, sua personagem, é uma rendeira que dá à luz uma criança morta, mas encontra no mar (talvez por obra de Iemanjá) um recém-nascido para substituir o filho. É assim que se estabelece o mistério sobre a paternidade do protagonista da novela, vivido na segunda fase pelo ator Marcos Palmeira. "O papel não está distante das coisas que eu já fiz na televisão. Ele não requer muita composição, a não ser pelo leve sotaque baiano e pelo manuseio dos bilros para a confecção da renda. Apareço apenas nos oito primeiros capítulos", conta Cristiana, que pediu à Globo após a conclusão da novela Vila Madalena, exibida no ano passado, um intervalo de um ano para se dedicar a outros projetos. Especialmente ao CIT, que exige da atriz uma peregrinação por empresas em busca de patrocínio. Ela conta que já teve de abrir mão de papéis no cinema em função do seu contrato com a Globo. ?Estava em contato com a produtora do cineasta espanhol Bigas Luna, para uma adaptação de Carmen, de Prosper Merimee, quando Paulo Ubiratan me recrutou para o elenco de Salsa e Merengue. Tenho relação amigável com a emissora, até posso recusar alguns papéis, mas chega um momento em que sou obrigada a dizer sim." Enquanto desfrutar das férias, até que a Globo a escale para papel de destaque em alguma novela, Cristiana quer respirar teatro. Em abril, durante sete dias, ela interpretará Maria na encenação processional da Paixão de Cristo, em Nova Jerusalém, no Estado de Pernambuco. ?Quando entrei no espaço, fiquei toda arrepiada. O ator que interpreta Jesus parece uma reencarnação do próprio". Para o CIT, Cristiana participa do desenvolvimento de três projetos de montagens: Tróia, adaptação de As Troianas em que a atriz retoma o papel de Helena, Wit & Wilde, uma coletânea de textos de Oscar Wilde, e Tio Vânia, adaptação da obra de Chekhov. Cristiana só não integra o elenco de Plano Real, comédia estrelada por Maria Paula e Eduardo Moscovis e escrita por Wotzik, mais conhecido pela direção de montagens como Um Equilíbrio Delicado e Sonata Kreutzer. ?Cristiana não é atriz com larga experiência em teatro, mas ela tem mais paixão pelo palco do que muitos atores que estão em cena todo dia", afirma Eduardo Wotzik, que calcula precisar de cerca de R$ 1 milhão para colocar o CTI em funcionamento e produzir as quatro peças. Segundo o diretor, que pretende instalar o centro em galpão na zona sul do Rio de Janeiro, o diferencial do CIT está na ?não-gratuidade cênica??. ?A proposta é criar um foco de irradiação cultural, um centro de idéias, com muita discussão e pesquisa em busca de uma identidade artística. Além da montagem de peças, vamos investir em palestras, workshops e intercâmbios." O que mais atrai Cristiana é a possibilidade de ?realizar um trabalho com profundidade e de reunir-se com outros cérebros". ?O ator não pode parar de estudar. É preciso muita pesquisa para explorar todas as possibilidades cênicas. O universo é vastíssimo", comenta a atriz, que confessa ser mais exigente no teatro do que na televisão. ?Só subo no palco se o papel acrescentar algo a minha carreira." Depois do teatro, o próximo passo será o cinema. ?Não sei por que os cineastas brasileiros não me chamam para trabalhar. Mas isso vai mudar??, diz Cristiana, que por enquanto tem de se contentar com uma declaração de Arnaldo Jabor, diretor de Eu Sei que Vou Te Amar e Toda Nudez Será Castigada. ?Ele me disse certa vez que se ainda estivesse exercendo a profissão de cineasta, faria um filme para mim."

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