Crise ronda passarelas de Paris

Dior, Garçons e Yamamoto abrem amanhã o calendário oficial dos desfiles, ofuscado pelas baixas vendas e bate-bocas entre organização e imprensa

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Por Agencia Estado
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Osama Bin Laden continua com paradeiro desconhecido, mas sua presença se fez sentir no balanço das vendas da estação que está terminando, principalmente no Hemisfério Norte. O glamouroso mundo da moda - especialmente grandes conglomerados de luxo como Louis Vuitton Moet Hennessy (LVMH), Gucci e Prada - viu suas vendas despencarem depois dos atentados de 11 de setembro, atingindo o mais baixo faturamento dos últimos anos. E é com esses números na cabeça que os estilistas criaram as coleções para o outono-inverno 2002/2003 que serão lançadas a partir de amanhã em Paris. Até o dia 15 serão 95 desfiles dentro do calendário oficial e mais de 50 paralelos. A temporada começa forte com Christian Dior, Comme des Garçons e Yohji Yamamoto desfilando amanhã. Para os brasileiros, boas notícias. Rodrigues - Depois de Alexandre Herchcovitch e Icarius, é a vez de Walter Rodrigues estrear nas passarelas internacionais. O estilista faz parte de um time de 15 nomes mundiais escolhidos para desfilar no Le Petit Palais Lounge, evento que faz parte da semana da moda e é patrocinado pela Lycra/DuPont. Ele vai mostrar a mesma coleção apresentada em janeiro na São Paulo Fashion Week. Além disso, a famosa loja de departamentos Galeries Lafayette abre espaço para dois produtos genuinamente nacionais: sandálias Havaiana e biquínis e maiôs da Rosa Chá com estampas do artista plástico Romero Brito. Ambos participam da exposição Amérique Latine, que ocorre até o dia 23. Bate-boca - A temporada começa também com um certo bate-boca entre dois grandes nomes da moda internacional. De um lado, a poderosa editora Anna Wintour, da Vogue América, pressionou a Chambre Syndicale du Prêt-à-Porter, que organiza o evento, para apresentar os principais desfiles nos primeiros dias, assim ela e sua equipe podem voltar o quanto antes a Nova York, depois de ter passado por Londres e Milão (Leia mais). Do outro lado, a crítica de moda Suzy Menkes, do jornal International Herald Tribune, protestou enviando carta à mesma Chambre em que classifica o calendário como "desumano" não só por sobrepor vários desfiles no mesmo horário como também por prejudicar os novos talentos. Dispersão - "É estranho termos de trabalhar 14 horas por dia justamente no primeiro país a adotar a jornada de 35 horas de trabalho por semana", escreveu Suzy. De qualquer jeito, num primeiro momento, está prevalecendo o desejo de Anna Wintour, que também sugeriu a concentração dos desfiles em locais próximos ao Carrousel du Louvre para evitar a dispersão no trânsito de um tempo que ninguém tem a perder.

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