
20 de novembro de 2012 | 02h07
A Camerata Aberta já gerou um filhote - eis uma grande notícia deste fim de ano. O Grupo Contemporâneo Emesp nasceu há nove meses, coordenado pelo pianista Horácio Gouveia, integrante da Camerata e foca estudantes de música da Emesp e de outras escolas. Não há outro modo de se disseminar a prática da música contemporânea.
Anteontem realizaram sua segunda apresentação pública, no auditório da Fundação Maria Luísa e Oscar Americano, com surpreendente qualidade de execução - acompanhada pela "regência" de cabeça de Horácio.
Um repertório articulado deixou atento e interessado o bom público que quase encheu a pequena sala da Fundação na manhã ensolarada do domingo. Cismas, da carioca Marisa Rezende, foi a única peça brasileira.
Em seguida, o primeiro tributo ao alemão Hans Werner Henze, morto semanas atrás: em seu trio Monólogos e Diálogos para piano, viola e violão, cada um se expõe longamente; depois, dialogam entre si.
A clarinetista Paula Pires brilhou na versão curta da peça solo Arlequim, de Stockhausen, que exige movimentação cênica e corporal, além da execução de uma partitura tecnicamente complexa (exige até respiração circular).
A parte final foi dedicada a obras de Olivier Messiaen que privilegiam o canto dos pássaros que amava, a ponto de afirmar: "Gosto do folclore humano, mas me perdoem, os pássaros são muito melhores e mais diversificados. Cada espécie tem estética, estilo e timbre próprios. Eles são nossos pequenos servidores de alegria imaterial".
Cássia Carrascoza, da Camerata Aberta, solou, com Horácio ao piano, O Melro Negro. Débora Falcão (violino), Rafael Caboclo (cello), Patrícia de Carli (piano) e Paula Pires (clarineta) interpretaram quatro das oito partes do Quarteto para o Fim do Tempo. O destaque ficou com Débora em longas passagens com notas sustentadas (Louvor à Imortalidade de Jesus) e para Paula, às voltas com harmônicos e pianíssimos complicados em Abismo dos Pássaros.
Um concerto de nível, com raros deslizes, provou o acerto da criação deste grupo, que promete surpreender em 2013.
Crítica: João Marcos Coelho
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