"Corpos" está entre pintura e fotografia

Escritório de Arte Rosa Barbosa reúne o trabalho de quatro artistas com trajetórias completamente distintas, mas com parentescos surpreendentes, atuando na fronteira entre a pintura e a fotografia

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Por Agencia Estado
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A exposição Corpos, que pode ser vista pelo público a partir de amanhã no Escritório de Arte Rosa Barbosa reúne o trabalho de quatro artistas com trajetórias completamente distintas que, no entanto, desenvolvem trabalhos com parentescos surpreendentes. Atuando na fronteira entre a pintura e a fotografia, Isabelle Borges, José de Quadros, José Luiz de Pellegrin e Sidney Philocreon têm o corpo humano como principal tema de suas obras. Convém lembrar que não se trata de um corpo íntegro, personalizado e coeso, mas de uma visão esfacelada, de elementos fragmentados e muitas vezes pouco identificáveis. Como diz a artista e curadora Tereza Arruda, responsável pela reunião desses artistas nessa mostra coletiva, eles mostram o corpo de maneira direta, mais explícita, fugindo da busca do belo e enfrentando alguns tabus. "Trata-se de uma crítica à estética, que atinge questões profundas", afirma. A curadora reconhece que poderia ampliar muito a seleção de artistas para uma exposição com essa linha curatorial, mas teve de se ater às limitações espaciais da galeria. Segundo Teresa, que procura manter um estreito vínculo com a produção contemporânea brasileira, apesar de viver há mais de uma década fora do País, essa atitude é muito presente na arte européia. E acabou exercendo uma forte influência no trabalho de Isabelle Borges e José de Quadros - que como ela moram na Alemanha. Ambos recorrem a imagens provenientes da medicina, como radiografias e tomografias computadorizadas como elemento de construção da obra. Enquanto os dois brasileiros radicados na Alemanha partem da fotografia para construir uma obra essencialmente pictórica, Philocreon e Pellegrin fazem o caminho inverso. A fotografia é sua linguagem por excelência, mas o resultado mantém forte relação com o discurso pictórico. Essa questão fica evidente quando se contrapõe, por exemplo, a obra de Philocreon à de Isabelle Borges. Em ambos os casos temos diante dos olhos uma obra ambígua, que se situa entre a figura e a abstração, entre a pintura e a fotografia. Em suma, turva como a visão contemporânea sobre o homem e a arte. Corpos. De segunda a sexta, 10h30 às 19 horas; sábado, das 11 às 14 horas. Escritório de Arte Rosa Barbosa. Alameda Ministro Rocha Azevedo, 921, casa 4, em São Paulo, tel. (11) 3085-4428. Até 20/12.

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