Familiares e amigos da escritora Zélia Gattai, que morreu na tarde de sábado em Salvador, velam o corpo da autora durante este domingo, 18. Por decisão de João Jorge e Paloma Amado, filhos do casal, as cinzas da escritora serão jogadas aos pés da mangueira onde foram depositadas as do marido Jorge Amado, na Casa do Rio Vermelho. A cerimônia que antecede a cremação acontece às 16h30, no cemitério Jardim da Saudade, no bairro de Brotas. Veja também:Imagens da escritora Morre em Salvador, aos 91 anos, a escritora Zélia GattaiZélia foi um símbolo da força da mulher brasileira, diz LulaABL decreta luto de três dias pela morte de Zélia Gattai Zélia foi vítima de insuficiência cardíaca e edema agudo pulmonar, e submeteu-se a pelo menos três outras internações, para tratar, inclusive, de uma queda. Pouco antes do seu falecimento, Zélia foi retirada da UTI e transferida para um quarto, onde passou os últimos instantes em companhia de familiares. O governador Jaques Wagner (PT) decretou luto oficial de três dias na Bahia, pelo falecimento da escritora. Paloma, abalada, deixou transparecer a dor da perda, e lembrou a fé de Jorge e Zélia, manifesta em personagens deles, como Pedro Arcanjo, um bedel que desmitifica a pureza caucasiana na elite baiana. "Eles não conheciam limites materiais, e sei que já estão de mãos dadas em seu jardim", comentou, emocionada. Segundo o jornal A Tarde, o velório contou com a presença do irmão de Jorge Amado, James Amado e sua mulher, Heloísa Ramos, filha de Graciliano Ramos. Entre os parentes, sobrinhos e a neta da escritora, Maria João, provenientes de São Paulo. O deputado federal Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA), uma das personalidades que estiveram nesta manhã no velório, afirmou que a Bahia e o Brasil perdem, com a morte da viúva de Jorge Amado, "um exemplo de vida que influenciou várias gerações de mulheres". ACM Neto destacou que "Zélia Gattai soube ser ao mesmo tempo uma mulher independente e doce, que conseguiu construir uma carreira literária brilhante, mesmo vivendo ao lado de um dos maiores escritores da língua portuguesa - Jorge Amado". O deputado comentou que Zélia, assim como Jorge, eram grandes amigos dos seus avós senador Antonio Carlos Magalhães e Arlette Magalhães. O senador Antonio Carlos Magalhães Junior também lamentou a morte de Zélia Gattai, lembrando que, embora paulista de nascimento, a escritora adotou a Bahia como sua terra, embora tivesse nascido em São Paulo. "A sua perda deixou a mim e a minha família, principalmente a minha mãe Arlette - as duas eram muito amigas -, emocionados. Zélia era a grande companheira de Jorge Amado. Foi através da amizade entre Jorge Amado e o meu pai, o senador Antonio Carlos Magalhães, que tivemos a oportunidade de conhecer Zélia. Foi a amizade entre os dois que uniu as nossas duas famílias",comentou. Ao optar por acompanhar seu Amado, a então militante comunista, nascida em São Paulo e descendente de italianos, assumiu o trabalho de revisar e corrigir os textos de um dos baianos mais lidos. O filho, João Jorge, nasceu em 1947 no Rio, quando o escritor ainda era deputado pelo PCB, e a filha Paloma três anos depois, em Praga, durante o exílio na Checoslováquia, quando o partido se tornou proscrito. Autora de Anarquistas, Graças a Deus, Zélia Gattai fazia parte dos quadros da Academia Brasileira de Letras, na vaga que herdou do marido, e ficou conhecida por seus livros, treze ao todo, de cunho autobiográfico, e familiar.