24 de julho de 2014 | 10h44
Atualizado às 15h29.
RECIFE - Sons de orquestra de maracatu rural e estandarte do bloco carnavalesco Galo da Madrugada permeiam, na tarde desta quinta-feira, 24, o velório do escritor paraibano Ariano Suassuna, no palácio do governo, no Recife.
O corpo de Suassuna está sendo velado no Palácio do Campo das Princesas desde as 23 horas de quarta-feira, 23, quando foi aberto à visitação pública. O caixão, na entrada do prédio, está envolto nas bandeiras do seu time, o Sport, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde ensinou, de Pernambuco e do Brasil.
Ariano morreu aos 87 anos, às 17h15 desta quarta-feira, depois de dois dias internado na UTI neurológica do Hospital Português. Ele sofreu um AVC hemorrágico. O governador de Pernambuco, João Lyra neto (PSB) decretou luto de três dias no Estado.
As homenagens traduzem o que o diretor Luís Fernando Carvalho comentou sobre sua obra. "Ele foi um cometa raro para a cultura brasileira e com sua obra, mostrou não haver hierarquia entre folguedos populares, como o cavalo marinho, e Mozart".
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"O maior legado que ele nos deixou é o carinho do povo", disse sua filha Maria, diante das demonstrações de afeto e reconhecimento de populares. Muitos demonstram seu reconhecimento e afeto vestindo a camisa preta e vermelha do Sport. O cineasta Guel Arraes, amigo de Ariano e diretor do filme "O Auto da Compadecida", destacou que Ariano viveu sempre de acordo com seus ideais e perto de suas origens. "Se tornou universal", disse. "Foi um grande humanista e um homem de ação que tive o privilégio de conhecer, por laços familiares e de trabalho".
Rivaldo do nascimento Silva, 46, conhecia Ariano como torcedor frequentador da Ilha do Retiro - estádio do Sport. "Ele é um símbolo pernambucano", disse, vestido com a camisa do time.
Algumas pessoas choram copiosamente ao prestar a homenagem a Ariano. A professora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a pernambucana Ana Paula Campos Lima, 38 anos, era uma delas. Ele contou ter conhecido Ariano ainda estudante, em 1997. Interessada no Movimento Armorial, criado por ele, dirigiu um documentário sobre o tema que depois apresentou por todo o País. Segundo ela, nada teria sido possível sem o apoio do mestre, que lhe abria as portas da casa e sempre foi solícito. "Minha vida se confunde com Ariano, ele foi muito importante", disse ela, ao resumir o escritor, que se tornou seu conselheiro e orientador, com duas palavras "generosidade e genialidade".
A presidente Dilma já desembarcou no Recife e é aguardada no velório, onde se encontra o presidenciavel Eduardo Campos, do PSB, seu antigo aliado e agora adversário.
O corpo de Ariano será enterrado às 16 horas no cemitério Morada da Paz, no município metropolitano de Paulista.
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