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Cony relança livros infanto-juvenis

Por Agencia Estado
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Carol é uma adolescente típica do novo milênio - aos 13 anos e filha de pais separados, ela desconfia do médico que coloca um imenso gesso na perna do irmão menor, Flavinho, que caiu da bicicleta. A suspeita revela-se certeira quando o garoto é seqüestrado e a menina, inconformada com a investigação ineficiente dos policiais, decide sair à caça das pistas até chegar a um gênio do crime, o Homem do Terno Branco. Essa é a trama básica de O Mistério das Aranhas Verdes (Salamandra, 119 páginas, R$ 15,90), livro infanto-juvenil escrito por Carlos Heitor Cony e Anna Lee, que será lançado nesta terça-feira no Rio. O projeto prevê o lançamento de outros cinco volumes sobre as aventuras de Carol - o próximo, O Mistério da Coroa Imperial, será uma das novidades da editora na Bienal do Livro em abril, em São Paulo. Na verdade, trata-se da atualização de uma coleção que Cony lançou nos anos 60. "Foi um período difícil, pois eu saíra do Correio da Manhã e ainda não estava na Manchete; assim, fiz muitos trabalhos para a Ediouro (na época, Edições de Ouro) e, entre eles, essa série", comenta o escritor, que utilizou um pseudônimo, Altair Boaventura. Cony não estava disposto a republicar a série ("A linguagem estava datada"), mas cedeu aos apelos da jornalista Anna Lee, editora-assistente da revista Quem e sua auxiliar nas adaptações de clássicos para coleções infanto-juvenis, que se ofereceu para atualizar a coleção. Assim, diversos detalhes foram modificados. "Decidimos que a personagem se chamaria Carol e não mais Márcia e teria 13 e não 17 anos, como no original, pois hoje os adolescentes são precoces", comenta Anna, que também propôs que os pais da menina vivessem separados, além de criar outros personagens, como Bob, o jovem da feira hippie. O trabalho acabou empolgando Cony, que aceitou que a coleção ganhasse um volume a mais (eram cinco, inicialmente). Será o livro em que o fascínio de Carol pelo Homem do Terno Branco atinge o grau máximo. "Ela é uma garota inteligente e fica atraída pela obsessão do criminoso, fanático por jóias exclusivas; ele, por sua vez, interessa-se pela inteligência da Carol e deseja tê-la, como se fosse uma pedra rara", explica Anna. "Trata-se da síndrome do seqüestrado, que se interessa pelo seqüestrador", completa Cony. Os dois apressam-se em esclarecer que não haverá perversão no relacionamento entre a menina e o bandido, apenas um interesse crescente pela forma inteligente com que ambos conseguem vencer seus obstáculos. Como o esqueleto da série está pronto (são os livros originais, que sofrerão atualizações), Cony e Anna Lee preparam-se para iniciar um outro projeto, mais audacioso. Trata-se de uma investigação sobre a morte dos ex-presidentes Juscelino Kubitschek e João Goulart e o ex-governador carioca Carlos Lacerda, na década de 70. "Durante um período de nove meses, os três morreram de forma surpreendente, pois não estavam doentes, nem corriam risco de vida", comenta Anna, que se interessou pelo assunto a partir de uma crônica de Cony, escrita em 1982, em que levantava uma série de suspeitas sobre os três fatos. Mistério - "Eles eram três nomes proeminentes da política brasileira, o Lacerda representando a direita, Juscelino, o centro, e Jango, a esquerda, que desapareceram de forma misteriosa", conta Cony que, na sexta-feira, iniciou contatos com pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas para garantir acesso ao centro de documentação, um dos mais completos do País. O escritor não espera chegar a alguma conclusão definitiva, o que não foi possível, aliás, nem com as investigações feitas na época. "As provas que restam, na verdade, podem ser fajutas, o que tornam as questões inconclusivas", afirma Cony, que espera levantar uma série de hipóteses. Além do projeto, que iniciará em abril, Cony prepara-se para o lançamento, em junho, de A Tarde de Sua Ausência, romance já escrito, e de Messa pro Papa Marcello, que o escritor garante ser sua última obra. "Já escrevi cem páginas, mas não sei quando vou terminar, pois, como o livro trata das minhas convicções religiosas, preciso ainda refletir sobre alguns assuntos."

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