Tadinho dos que estão lá agora, eles acharam que era assim que funcionava. Talvez falte uma cartilha, explicando pra todos os que estão no governo o que pode e o que não pode fazer. É só uma questão de conversa. Sei que está na Constituição, mas ela é tão grande que alguns não se deram ao trabalho de ler. E tem gente que acha que a Constituição é que nem a Bíblia, dá para interpretar de várias formas e usá-la em seu benefício. Não é o que tá na Constituição, é o que pode e o que não pode. Então, venho por meio dessa tentar esclarecer algumas questões.
Vamos lá: Não pode pegar dinheiro que não é seu. Mesmo que ache que mereça, não sendo seu, não pode. Dinheiro do imposto das pessoas não é seu. Dinheiro só pode ser seu se for declarado no imposto de renda. Sei que chama dinheiro público, mas é público no sentido de todos nós cidadãos brasileiros e não no sentido de seu, tá? Se o destinado para a saúde for uma verba X, o dinheiro para se gastar na saúde tem que ser X. Isso vale para qualquer outro dinheiro destinado a qualquer outra área.
Levar um por fora, não pode, tá? Caixa 2 não pode. Propina não pode. O avião da FAB pode levá-lo a qualquer lugar se for a trabalho. Para implantar cabelo pode? Não. Para visitar uma tia? Não. Para ir a Miami comprar terno? Não. Emprestar para um amigo? Não. Para ir de férias a Angra? Não. Sempre, antes de pegar o avião, se pergunte: é a trabalho? Se não for, não pode. Ah, mas o terno que compro em Miami é para usar no trabalho... Ei, ei, ei, não pode. A viagem não é a trabalho.
As passagens aéreas que você recebe são para serem utilizadas de casa para o trabalho e depois de volta pra casa. Posso ir com a minha mulher pra Paris, Fábio? Não, deputado, não pode. Se não for usar as passagens, posso revendê-las para pegar o dinheiro pra mim? Não, senador, não pode. Se não vai usá-las, então elas não precisam ser usadas. Mas daí elas vão voltar aos cofres públicos? Isso, fácil, né? Bom, acho que é isso. Qualquer dúvida em relação a pegar aquele dinheiro para benefício próprio a resposta tende a ser NÃO em 99% dos casos. Pense assim: se tiver que perguntar é porque não. Você não pergunta se pode pegar o dinheiro do seu salário para comprar coisas, certo? Certo, porque nem precisa perguntar. Tá vendo, minha gente, é tudo uma questão só de conversa.
A luta contra a corrupção é uma das 17 metas que a ONU lançou essa semana pelo The Global Goals. Eu e o Porta dos Fundos compramos essa briga. Dá uma olhada lá no www.globalgoals.org e espalhe a notícia!