Computadores da biblioteca ainda têm tela verde

Além de possuir equipamento obsoleto, com mais de dez anos, não se sabe exatamente quantos livros tem a Mário de Andrade, segunda maior biblioteca do País

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Por Agencia Estado
Atualização:

Os computadores ainda tinham telas verdes quando a Prefeitura iniciou a informatização da Biblioteca Municipal Mário de Andrade, no centro de São Paulo. Depois de mais de dez anos de investimento nulo ou insuficiente, quem freqüenta um dos mais tradicionais equipamentos culturais da cidade continua a conviver com elas - ou usar as fichinhas catalográficas de cartolina que já foram aposentadas em muitas bibliotecas. A Mário de Andrade é a segunda maior biblioteca do País. Mas não se sabe exatamente quantos livros tem - estima-se que são cerca de 350 mil títulos e 1 milhão de documentos. Mas, para se ter certeza disso, no atual sistema, seria preciso bater cada uma das fichas de papel com o acervo, livro a livro (em bibliotecas modernas é possível fazê-lo combinando as informações da base de dados com as de leitores óticos que recolhem dados a partir de códigos de barras colados às obras). A falta de equipamento é tão grave na biblioteca que os poucos computadores usados pelos funcionários com acesso à Internet utilizam provedores gratuitos, e não o da Prefeitura. Dois projetos em andamento prevêem uma espécie de atualização digital da Mário de Andrade. Um deles, apoiado pela Embratel, resultará numa rede de videoconferência com mais de 60 bibliotecas interligadas. Também integra esse projeto a digitalização de cem obras raras do acervo da Mário de Andrade relacionadas à história da cidade de São Paulo. As aulas do curso de Economia Brasileira Contemporânea, do Colégio de São Paulo, a ser iniciado em julho, já devem começar com uma videoconferência. O segundo projeto é a catalogação eletrônica do acervo (os computadores de tela verde da Mário de Andrade contêm apenas 25% da obras da instituição catalogadas). Com apoio da Telefônica (também serão instalados computadores com acesso à internet), o projeto abarca toda a rede de bibliotecas públicas do município. Quando completada a informatização, será possível consultar o acervo das bibliotecas pela Internet, como já acontece com as instituições ligadas às universidades. "A consulta do acervo deve poder começar fora da biblioteca", afirma José Castilho Neto. Em termos tecnológicos e gerenciais, um dos modelos a serem seguidos pela secretaria é o da New York Public Library, de Nova York. Os problemas da Mário de Andrade não se limitam, contudo aos computadores e à desatualização do acervo. Equipamentos de leitura de microfilmes, por exemplo, também estão desatualizados. Ainda assim, continuam sendo usados - na quinta-feira, as estudantes de jornalismo Mel Bornstein e Adriana Plut os utilizavam para consultar revistas produzidas entre 1890 e 1922. Ao lado do aparelho que usavam, um outro, desligado por falta de condições de uso.

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